ATA DA QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 18.01.1989.
Aos dezoito
dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Quarta Reunião Ordinária da Primeira Comissão Representativa da Décima
Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Artur Zanella, Clóvis
Brum, Décio Schauren, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Isaac Ainhorn, João Dib,
João Motta, Luiz Machado, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da
Cunha e Wilson Santos, Titulares, e Airto Ferronato, Cyro Martini, Dilamar
Machado, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, José Alvarenga, José
Valdir, Leão de Medeiros, Letícia Arruda e Nelson Castan, Não-Titulares.
Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os
trabalhos e solicitou ao Ver. Artur Zanella que procedesse à leitura de trecho
da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Terceira
Reunião Ordinária que, juntamente com a Ata da Segunda Reunião Ordinária, foi
aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 01 Pedido de Informações,
acerca dos carros utilizados durante a administração anterior pelo Executivo e
o uso feito dos mesmos; pelo Ver. Cyro Martini, 02 Pedidos de Informações,
acerca da obra de pavimentação da Rua 1º de Setembro e da existência ou não de
projetos para recuperação do piso da Rua Santa Maria e para pavimentação das
Ruas Santa Maria, Santo Alfredo, 1º de Setembro, 9 de junho e 1º de março;
acerca do processo nº 838/88, da Secretaria Municipal dos Transportes; pelo
Ver. Dilamar Machado, 01 Indicação, sugerindo ao Governador do Estado que seja
estudada a possibilidade de instalação de, pelo menos, três linhas de telefones
públicos no interior do Presídio Central de Porto Alegre, para uso dos
detentos; pela Verª. Letícia Arruda, 01 Pedido de Providências, solicitando
substituição de um bico de luz na Rua Sapé, em frente ao nº 555; pelo Ver.
Nelson Castan, 01 Pedido de Providências, solicitando colocação de uma parada
de ônibus, com abrigo, na Rua Manoel Vitorino, próximo ao acesso para a Rua
Capitão Cristalino Fagundes, entre os nºs 396 e 406; pelo Ver. Valdir Fraga, 37
Pedidos de Providências solicitando patrolagem e ensaibramento da Rua João do
Couto, trecho compreendido entre a Praça Nossa Senhora de Belém e a Estrada
Costa Gama; patrolagem para o Beco 3, localizado na Av. Eduardo Prado, 1981;
desmatamento das laterais da Rua João do Couto, trecho entre a Praça Nossa
Senhora de Belém e a Estrada Costa Gama; corte de um salso chorão, localizado
na Rua Cel. Claudino, esquina com a Av. Cel. Massot; patrolagem e ensaibramento
da Rua E, localizada na Vila dos Sargentos; limpeza das Ruas Barão do Guaíba e
Dona Augusta; colocação de uma placa indicativa em frente à entrada de acesso
ao Porto, pela Av. Mauá; colocação de abrigos para passageiros de transporte
coletivo na Rua Nova Olinda, esquina Estrada Otaviano José Pinto, no Lami, no
sentido bairro-Centro e na Estrada Otaviano Pinto com Travessa José Bernardes,
no sentido bairro-Centro; procedimento de estudos, visando a liberação da Rua
19 de Novembro que, na altura da saída da Rua Guilherme Shell, está ocupada
por estacionamento de carros particulares; procedimento de estudos visando a
liberação da área destinada à praça projetada e aprovada, localizada entre as
Ruas Engenheiro Fernando Mendes Ribeiro e 19 de Novembro, da esquina da Rua
Carlos Pessoa de Brum até os blocos do Jardim América; abertura da Rua Engenheiro
Fernando Mendes Ribeiro, da Rua Carlos Pessoa de Brum até a Rua Guilherme
Shell; abertura da Av. Araranguá até a Rua Jacundá; colocação de placa de sinalização
na Rua Cel. Vicente, esquina Rua Comendador Manoel Pereira, indicando que os
carros podem dobrar à esquerda; instalação de uma torneira pública no Beco do
Guará, em frente ao nº 65, entrada pelo Beco do Osório, em frente ao nº 189;
recolhimento de lixo e desmatamento da Av. Araranguá, esquina Rua Jacundá;
iluminação pública para o Parque Frederico Guilherme Gaelzer, localizado no
Bairro Tristeza; para a Rua João do Couto, trecho entre a Praça Nossa Senhora
de Belém e a Estrada Costa Gama; iluminação pública para a Rua Alarico Ribeiro,
em frente ao nº 260; para a Rua São Francisco, na altura do nº 946, e esquina
com a Rua Luiz de Camões; troca de luminárias na Rua Hilário Pereira Fortes,
esquina com a Rua Vila Maria, Vila dos Bancários; na Rua Jacundá, esquina com a
Av. Araranguá; colocação de bicos de luz na Estrada Cristiano Kraemer, esquina
com a Estrada da Pedreira; na Rua Barbosa Neto, na altura do nº 02; na Rua
Inácio Antonio da Silva, em frente ao nº 794; na Rua José Correia da Silva, 277;
troca de lâmpadas queimadas na Travessa Francisco Fraga Feijó; troca de bicos
de luz na Rua Marquês de Maricá, em frente aos nºs 635 e 500; poda de galhos de
um eucalipto localizado no leito do Beco 3, na Av. Eduardo Prado, 1981; poda
dos galhos de uma árvore localizada na Rua Perpétua Teles, em frente ao nº 36;
poda de uma árvore localizada na Estrada do Lami, em frente ao nº 606;
desobstrução de bueiro localizado na Rua João Vieira de Aguiar Sobrinho,
esquina com a Estrada do Lami; extensão de rede d'água para as Ruas, A, B, C e
D, localizadas ao longo da Rua Jorge Pereira Nunes; colocação de uma placa
indicativa “Só ônibus”, entre o Largo Visconde de Cairu e o terminal de ônibus
da Praça XV de Novembro; canalização de esgotos para o Beco de Servidão n° 2,
localizado ao longo da Rua Agulhas Negras; canalização de esgoto para a Rua
João do Couto, trecho compreendido entre a Praça Nossa Senhora de Belém e a
Estrada Costa Gama; recuperação da pavimentação da Av. Wenceslau Escobar, em
frente ao nº 885; pelo Ver. Vicente Dutra, 06 Pedidos de Providências,
solicitando colocação de bico de luz onde já existe poste, na Rua Curupaiti,
entre os nºs 583 e 611; troca de bicos de luz queimados na Av. Padre Cacique,
entre os nºs 1900 e 3026; na Av. Chuí, entre os nºs 10 e 254; revisão em todos
os bicos de luz da rede de iluminação pública do Conjunto Costa e Silva;
verificação, através de laudo técnico, da situação da seringueira existente na
Rua Adão Baino, 564, para fins de enquadramento na Lei Complementar nº 51;
colocação de parada de ônibus na Av. Capivari, esquina com a Av. Pinheiro
Borda; pelo Ver. Wilson Santos, 03 Pedidos de Providências, solicitnado
colocação de placa com o nome da Av. Cinco de Novembro, nas esquinas desta rua
com a Rua Gomes Carneiro e com a Rua Clemente Pinto; reestudo da situação da
Rua Frei Henrique Golland Trindade no que tange à existência de dois
quebra-molas, em frente aos nºs 195 e 205; reconstrução da ponte para pedestres
localizada sobre o Arroio Sarandi, na esquina da Rua Rocco Aloise com a Rua
Bento Rosa. Do EXPEDIENTE constaram Ofícios-Circulares nºs 01/80, das Câmaras
Municipais de Marau; de Esteio; de Barracão; de Carlos Barbosa; de Sapucaia do
Sul; de Não-Me-Toque; Carta do Sr. Adercio Portella. A seguir, o Sr. Presidente
deferiu Requerimentos do Ver. Artur Zanella, solicitando a constituição de
Comissões Externas para acompanhar as medidas que serão tomadas pelo Governo do
Estado em relação ao denominado “Relatório Sayad”, sobre o Estado e para
analisar os problemas que enfrentam a Área Industrial da Restinga e o Porto
Seco. Ainda, constatada a existência de “quorum”, foram aprovados os seguintes
Requerimentos: do Ver. Artur Zanella, de Votos de Congratulações com o Sr.
Jayme Sirotsky, pelo Projeto “O Brasil Sul; com o Sr. João L. Ribeiro,
Presidente, Sr. Bruno José Ely”, Vice-Presidente, Sr. Claudino Valentin Troian,
representante dos pais, Sr. Carlos Alberto Rosa Silva, Presidente do Conselho
Fiscal e Sr. Marcos Vanderlei Nascimento, Suplente do Conselho Fiscal, por suas
eleições para o biênio 89-90 na Associação de Pais e Mestres da Escola Mãe de
Deus; com a nova Diretoria e Conselhos da Caixa Econômica Estadual; com o Sr.
Hamilton Petry de Souza, por assumir a Direção do Hospital de Pronto Socorro;
do Ver. Ervino Besson, de Voto de Congratulações com o Dr. Edemar Tutikiam, por
sua posse como Superintendente da Legião Brasileira de Assistência do Rio
Grande do Sul; do Ver. Isaac Ainhorn, de Voto de Pesar pelo falecimento de
Jacob Lembert; do Ver. Leão de Medeiros, solicitando a realização, dia vinte
de abril, às dezessete horas, de uma Sessão Solene dedicada a homenagear a Polícia
Civil e a Brigada Militar pelo dia do policial; da Verª. Letícia Arruda, de
Voto de Pesar pelo falecimento de Alcides A. F. Carvalho. Em COMUNICAÇÕES, o
Ver. Adroaldo Correa comentou o remanejo econômico anunciado pelo Governo
Federal na última segunda-feira, salientando declarações do Ministro do
Trabalho acerca dos salários recebidos pelos trabalhadores. Analisou as
conseqüências que deverão resultar desse Plano, dizendo que o atual salário
encontra-se enormemente defasado, devendo sofrer prejuízos com a aplicação do
mesmo. Defendeu a suspensão do pagamento da dívida externa brasileira. O Ver.
Artur Zanella discorreu sobre notícias publicadas na imprensa, acerca de
posicionamentos assumidos pelo PT quanto à possibilidade de demissão de
funcionários, quanto aos carros locados pelo Município e, principalmente,
quanto às dívidas deixadas pelo ex-Prefeito Alceu Collares para serem pagas
pela atual administração e o projeto de cobrança de imposto sobre combustíveis.
Falou sobre o Fundo de Aposentadoria dos Vereadores da Casa. O Ver. Ervino
Besson discorreu sobre visita que fez ao CIEM João Goularte, salientando estar
preocupado com a possibilidade de fechamento do mesmo e comentando declarações
da Secretária Esther Gross, contrárias à política educacional dos CIEMs.
Analisou as conseqüências que resultariam do fechamento dessas escolas de tempo
integral. O Ver. Flávio Koutzii reportou-se ao pronunciamento de hoje, do Ver.
Artur Zanella, acerca de notícias publicadas na imprensa, quanto a
posicionamentos que teriam sido assumidos pelo PT frente à administração
pública. Falou sobre discussões que estão sendo realizadas entre Prefeitos da
área metropolitana, quanto a possibilidade de cobrança de um imposto sobre
combustíveis. Analisou a situação de déficit econômico em que o Executivo
Municipal foi encontrado pela atual administração. O Ver. Isaac Ainhorn
questionou do Executivo Municipal os posicionamentos que serão assumidos em
relação ao setor educacional de Porto Alegre, comentando declarações da
Secretária Municipal de Educação, as quais relativizam a importância da
alimentação para o aprendizado escolar. Disse ter formulado requerimento
convocando essa Secretária para esclarecimento da política educacional do
Município. A seguir, foi aprovado Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, após ter
sido encaminhado à votação pelos Vereadores Clóvis Brum, Adroaldo Correa, João
Dib, Wilson Santos e Isaac Ainhorn, solicitando a convocação da Secretária
Municipal de Educação para, em dia e hora previamente acertados, dirimir as
dúvidas existentes quanto a educação em Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Ver.
João Dib comentou o problema ocasionado pelas atividades realizadas, fora do
horário legal, pela Escola Imperadores do Samba, cujo ruído vem incomodando os
moradores das proximidades da esquina das Avenidas Érico Veríssimo e Ipiranga.
Falou sobre o novo plano econômico do Governo Federal, conhecido como “Plano de
Verão”. Criticou declarações do Pref. Alceu Collares, acerca de problemas
econômicos que teria encontrado ao assumir o Executivo Municipal. O Ver. João
Motta teceu considerações sobre o plano econômico conhecido como “Plano de
Verão”, anunciado pelo Governo Federal, analisando aspectos relativos ao mesmo,
especialmente com relação ao déficit público. Salientou ser a dívida externa
uma questão básica para qualquer busca de soluções para o País. Discorreu
sobre a política educacional a ser adotada pelo PT, em especial, com relação ao
Centro de Preparação e Formação de Mão-de-Obra Dep. João S. Caruso. O Ver.
Luiz Machado congratulou-se com o Dr. Edemar Tutikiam, por sua posse na
Secretaria Especial de Ação Comunitária. Declarou-se preocupado com o novo
plano econômico implantado no País. Criticou a falta de fiscalização na
construção de obras clandestinas no Município. Defendeu a política educacional
dos CIEMs. A seguir, foi aprovada Moção de autoria do Ver. Vieira da Cunha, de
Repúdio às últimas medidas econômicas do Governo Federal, implantadas através
do assim conhecido “Plano de Verão”. Ainda, foi aprovado aditamento do Ver.
Omar Ferri a essa Moção de Repúdio, o qual foi votado em destaque a
Requerimento verbal, aprovado, do Ver. João Motta. A Moção do Ver. Vieira da
Cunha, acima referida, foi encaminhada à votação pelos Vereadores Vieira da
Cunha, Omar Ferri, João Dib e Flávio Koutzii. Na ocasião, o Sr. Presidente
respondeu Questões de Ordem dos Vereadores João Dib, Omar Ferri, Adroaldo
Correa, Vieira da Cunha, Flávio Koutzii e João Motta, acerca da Moção de
Repúdio acima referida. Ainda, o Ver. João Dib formulou Requerimento verbal
solicitando a distribuição de cópias aos Vereadores da Moção de Repúdio já
referida e sua votação na Sessão de amanhã. Após, o Sr. Presidente respondeu
Questões de Ordem dos Vereadores Vieira da Cunha e João Dib, acerca do
Requerimento do Ver. João Dib, relativo a Moção de Repúdio de autoria do Ver.
Vieira da Cunha, já referida. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Wilson Santos
discorreu sobre a implantação do Centro de Preparação e Formação de Mão-de-Obra
Dep. João S. Caruso, salientando os motivos que ocasionaram a criação do mesmo
e criticando sua desativação pela atual Secretária Municipal de Educação. Leu
Pedido de Informações que pretende encaminhar ao Executivo Municipal acerca da
questão. Em prosseguimento, o Sr. Presidente registrou a presença, na Casa, do
Ver. André Osvaldo, Presidente da Câmara Municipal de Camaquã, convidando S.
Exa. a fazer parte da Mesa. Após, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem
do Ver. João Dib, acerca do uso de período de Comunicação de Líder pelos
Senhores Vereadores, em conformidade com o art. 24 do Regimento Interno. Ainda,
o Ver. Vieira da Cunha propôs a possibilidade de permuta de tempos de pronunciamento
entre Vereadores Titulares e Não-Titulares, pronunciando-se favoravelmente a
essa permuta os Vereadores Flávio Koutzii, João Dib, Luiz Machado e Omar Ferri
e sendo a mesma, dessa forma, considerada aprovada pelo Sr. Presidente. Em
COMUNICAÇÃO, o Ver. Nelson Castan discorreu sobre a depreciação de capital
verificada quanto aos veículos da Cia. Carris Porto-Alegrense, que é maior que
o das outras frotas, elevando, assim, seu custo tarifário. Disse que
encaminhará Pedido de Providências, solicitando alterações no processo de venda
e utilização da passagem escolar, visando sua unificação e maior facilidade de
uso pela população. O Ver. Leão de Medeiros discorreu acerca da isonomia
salarial concedida à classe dos delegados de polícia pela Constituição, lamentando
que a mesma ainda não tenha sido implantada pelo Governo do Estado. Registrou
que na próxima semana deverá ser realizada uma assembléia da categoria
policial, a esse respeito. O Ver. Cyro Martini reportou-se ao pronunciamento,
de hoje, do Ver. Leão de Medeiros, acerca da isonomia salarial buscada pela
classe dos delegados de polícia, comentando os baixos vencimentos recebidos
pela categoria policial e a assembléia a ser realizada por essa categoria na
próxima semana. Lamentou críticas feitas pelo Prefeito de Novo Hamburgo ao
atendimento à população dado pelos policiais de plantão aos domingos, em
Tramandaí. E o Ver. Giovani Gregol teceu comentários sobre o fechamento, no
último fim-de-semana, da Av. Beira-Rio, para seu uso pela população. Discorreu
acerca do novo plano econômico implantado no país pelo Governo Federal,
atentando para a não-existência, no mesmo, de um dispositivo que garanta a
recuperação das perdas salariais dos trabalhadores e para o aumento verificado
nos preços de produtos através da instauração desse plano. Nada mais havendo a
tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às treze horas e trinta minutos,
convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Isaac
Ainhorn e Clóvis Brum e secretariados pelos Vereadores Adroaldo Correa, Isaac
Ainhorn e Clóvis Brum, os dois últimos como Secretários “ad hoc”. Do que eu,
Adroaldo Correa, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente
e lº Secretário.
O SR.
PRESIDENTE (Valdir Fraga): Sobre a mesa
dois Requerimentos de autoria do Ver. Artur Zanella, solicitando a constituição
de Comissões Externas para acompanhar as medidas que serão tomadas pelo Governo
do Estado em relação ao denominado “Relatório Sayad”, sobre o Estado e para
analisar os problemas que enfrentam a Área Industrial da Restinga e o Porto
Seco. Defiro ambos Requerimentos.
Havendo “quorum”, passamos à
(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos constantes na
Ata.)
O SR.
PRESIDENTE: Passamos às
O Ver. Adroaldo Corrêa está com a palavra.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, a Bancada do PT no Câmara, assume a tribuna neste momento, na minha
pessoa, para começar, e propor que esta Câmara faça, também com a gente, o
debate fundamental que o País exige da situação que o momento que nós vivemos
encontra os brasileiros das diversas classes. Em primeiro lugar gostaria de
salientar que nós, representantes neste Parlamento da classe trabalhadora,
porque assim fizemos a nossa campanha e assim constituímos nosso mandato, temos
a obrigação de referir aqui que é fundamentalmente contra a classe trabalhadora
e o salário dos trabalhadores que se faz neste momento, o rearranjo da economia
no interesse do capital internacional e de privilegiados do capital no País,
sem que se toque em um momento sequer, pelo menos nas Emendas das medidas
provisórias já chegadas ao Congresso, naquilo que se constitui no “calcanhar
Aquiles” dessa economia que é a dívida externa. Foi acumulada durante um
período, fantasticamente, pelos governantes, em valores que chegam a 130
bilhões de dólares, dos quais se pagam um bilhão de dólares ao mês ao capital
internacional apenas em juros e serviços. Não se toca nesta que é a espada
sobre a cabeça dos trabalhadores, não se muda nada nesta País. A Ministra do
Trabalho propõe à Imprensa em suas observações sobre o novo congelamento dos salários
que ela chama de medidas capazes de regular o mercado. É fundamental que se
diga que a Ministra do Trabalho erra, peca, ou é no mínimo mal-informada quando
diz que os salários não estão congelados. Os salários não só estão congelados
como estão extremamente arrochados pelo novo plano, na medida em que, - como
dirigente sindical que fui, e do Sindicato que estou licenciado também fui
negociador, - nos momentos da categoria e da sua data base, sabemos que em
nenhum momento neste País, nos últimos anos desde 1964 se conseguiu aumento
real de fato de salários de qualquer categoria de trabalhadores. Apenas
reposição de perdas, e as reposições de perdas já acumuladas no Regime Militar,
já acumuladas no Plano Bresser em 26,6% da inflação de junho de 1986 e
acumuladas em 1987 e 1988, não podem ser feitas pelo novo plano sob pena de não
poderem ser transferidas aos preços em função de que os patrões fazem sempre
isso de qualquer reajuste de salário, elevam os produtos e as mercadorias nas
prateleiras, que acabam sendo compradas também, pelos trabalhadores a preços
mais altos. Como componentes salariais, eles retiram a parte do ganho,
portanto, se a reposição não pode ser feita, a Ministra sugere que seja dado o
diferencial das perdas a título de ganho real. A Ministra está mal-informada ou
elabora deliberadamente em equívoco, na medida em que sabe que aumento real não
existiu no nosso País, à exceção de duas ou três greves que impuseram este
aumento durante dois ou três meses, depois corroídos pelo processo inflacionário
durante as memoráveis jornadas de 1979, 1980, em São Bernardo, dos Metalúrgicos
do ABC. Com exceção desses aumentos, que foram reais, que foram corrompidos
pela inflação posterior, nenhuma categoria profissional, neste País, consegue,
por mais de um mês após o seu acordo salarial, contabilizar aumento real de
salários. Então, é hipocrisia quando se diz que basta, ou recorrer à Justiça
para repor as perdas acumuladas - e, ao que se diz “danem-se os trabalhadores
que estão descontentes, que não querem colaborar com as medidas salvadoras ou
salvacionistas do governo Sarney, o mais acreditado do País, em todos os anos
que se teve” -, ou é hipocrisia de uma Ministra que se pretende do Trabalho, ou
está mesmo a serviço de uma política de desviar a atenção de que os preços não
foram congelados; não houve congelamento de preços, houve uma alta impulsionada
pelo próprio anúncio no Plano, durante 5 dias, em que o Plano vinha sendo
vazado por diversas fontes, pelo próprio governo. E é uma palavra do próprio Ministro
Maílson da Nóbrega, que diz que o discurso de Sarney chegou tarde, e o Plano
morre na praia. E, se morre na praia, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não
existe e, se não existe, o congelamento que existe é uma mera referência à
lista de preços fantásticos, fantasiosos, que não se encontram esses preços nas
prateleiras, e quando se encontram esses preços, seguramente estão 100% acima
do que estavam no dia 12 de janeiro.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Basta olharmos o preço do café solúvel e o do em pó.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: Obrigado pelo aparte. E,
além do que, é importante fundamentar ou destacar que não só hipocrisia, não só
a fantasia na intervenção corajosa do governo Sarney contra os trabalhadores,
porque esta coragem é que existe no Plano, desafiar o conjunto da classe
trabalhadora, que não ficará parada, não ficará inerte; não se assusta com
tamanha, façanhuda atividade do Presidente, porque não passa de um rato que
esta montanha pariu, e sequer montanha é. Então, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, na medida em que os salários estão arrochados sim, como estiveram
desde 1964, como acumularam no pagamento das dívidas deste País, não assumidas
pelo povo mas assumidas a revelia dos trabalhadores, assumidas pela
desorganização imposta aos Sindicatos e ocupação militar de muitos deles no
período do golpe militar e no seu sucedâneo, continuismo que aplica às
economias parcas da classe trabalhadora, dos assalariados, dos pequenos
comerciantes, dos pequenos produtores, o mesmo arrocho em aprofundamento para
saldar compromissos diários ou mensais em bilhões de dólares. Está dívida é o
calcanhar de qualquer governo e a isto que nós chamamos ao debate porque sem um
tratamento radical, este sim corajoso em relação ao débito contraído em nome
dos trabalhadores, que os trabalhadores recusam, que dizem que é impossível
pagar esta dívida com o sangue e o suor dos brasileiros; mas não com o governo
Sarney, porque o governo Sarney não têm filhos morrendo de fome, nem parentes morrendo
de fome. E nós, da classe trabalhadora, temos conhecidos amigos e vizinhos que
perdem seus filhos de fome, de anemia. E podemos salientar que esta dívida é
contra, sim, os trabalhadores e nós não podemos pagar, não devemos - devemos
suspender o pagamento; devemos analisar o pagamento desta dívida. E os
trabalhadores têm sim, e devemos saudar as iniciativas em relação a este
momento grave da sociedade brasileira em que se arrocha os salários e se
fantasia preços dizendo que eles estão congelados, têm a movimentação que ruma
para a greve geral e dará a resposta. Dará a resposta da organização da classe
trabalhadora, do impacto que uma política de organização pode ter em resposta à
desorganização que se encontra no Planalto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
Sr.ª Vereadora. Essa é a questão fundamental que queríamos colocar. Sem que
haja uma radical organização dos trabalhadores e um combate da parte daqueles
que têm contradição não só com este governo mas com o capital internacional em
nosso País e seus interesses, não haverá solução para a classe trabalhadora e,
portanto, de interesse do País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Próximo orador
inscrito em Comunicação é o Ver. Artur Zanella. V. Exª está com a palavra por
dez minutos.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
ouvimos a posição do PT contra o arrocho salarial, imagino contra as demissões.
O Jornal “Correio do Povo”, hoje, publica que o Prefeito Olívio Dutra está
resistindo às pressões do PT para demitir três mil funcionários da Prefeitura.
Ora, Senhores, três mil funcionários da Prefeitura corresponde a 15% de toda a
força trabalhadora da Cidade, em torno de 20 ou 21 mil funcionários; enquanto
que no Governo Federal se propõe o absurdo de demitir em torno de 80 mil
funcionários que corresponde a 5% do seu funcionalismo.
Então, os Senhores vejam que na prática o discurso é
outro, porque aqui, pelo que leio nos jornais, o que o PT preconiza é demitir
15% dos funcionários municipais, e diz que o Prefeito está resistindo. E eu
apóio o Prefeito, porque acho que ele deve demitir aquelas pessoas que não têm
o que fazer ou que são fantasmas, que efetivamente só exigindo horário, isto
já, normalmente, será resolvido.
Veja também, Prefeito João Dib, essa sim é uma
entrevista do Prefeito Olívio Dutra falando sobre o pagamento dos motoristas de
carros locados, seria pago no dia 10, normalmente. Vai ser pago no dia 23. E,
ao mesmo tempo, o Prefeito anuncia a rescisão de 50% dos atuais contratos, informando
o seguinte: “Sabemos que a maioria desses motoristas são trabalhadores que
vivem desta renda, mas não podemos estabelecer com eles uma relação falsa de
contratar seus serviços e não poder pagar.”
Vejam bem que esses motoristas estão sendo pagos em todas
as Administrações; pagou-se na Administração Villela, na Administração Dib; na
Administração Collares. E agora no mês de janeiro já há uma relação falsa que
não se pode pagar mais, apesar de reconhecer, o Sr. Prefeito, que vivem desta
renda aquelas pessoas. É a questão do discurso e da prática. Mas, com o tempo,
efetivamente, as pessoas e os novos administradores da Cidade verão que a roda
não pode ser inventada todos os dias.
E, digo isso, Ver. Flávio Koutzii, porque V. Exª não
passou seis anos nesta Casa ouvindo o Ver. Antonio Hohlfeldt, Ver. Lauro Hagemann, Ver. Caio Lustosa que tinham solução para
tudo, tudo. Tudo era solucionável, tudo era mal feito e eles tinham solução
para tudo. E nós ficamos seis anos ouvindo essa cantilena aqui, todos os dias, eram
todos os dias. As passagens podiam ser reduzidas à metade, os funcionários
seriam bem pagos. Hoje mesmo o Dr. João Verle ainda diz que os funcionários
tinham um arrocho salarial no ano passado inteiro, mas reclama dos novos
índices desse mês.
Disse, também ontem, o Sr. Prefeito Municipal, e o Sr.
Secretário da Fazenda, que as dívidas deixadas pelo Governo do PDT são na base
de 6,7 milhões de cruzados enquanto que o Sr. Prefeito anterior diz que é na
base de l e meio. Creio que esta Casa pela sua Comissão de Orçamento e Finanças
deve examinar esses números, porque as pessoas se enganarem em 100 mil novos ou
velhos, sei lá... Ainda passa. Agora uma diferença de 7 milhões e meio, oito
milhões para um e meio, me parece um exagero e já podiam ver as alegações
eternas do Ver. João Dib que em vez do que sempre aparece nos jornais, a dívida
que ele deixou estava completamente coberta pela sua contra partida e ouço o
Sr. Ver. João Dib hoje dizer que se o dinheiro foi bloqueado é porque tinha
dinheiro.
Acho que a Câmara de Vereadores tem, entre as suas
funções primordiais, exatamente, dirimir certas dúvidas. Pequenos erros de 1
milhão e meio para sete milhões e meio. Acho também que houve um equívoco, não
sei se dos jornais ou de quem, que o Sr. Prefeito havia pedido para compensar
essa defasagem dos 3, 4 milhões de cruzados do mês de janeiro. Isso saiu em
dois jornais, no Correio do Povo e no Jornal do Comércio que, para cobrir este
déficit de 3 a 4 milhões de cruzados, o Sr. Prefeito havia pedido um
adiantamento de 40 milhões ao Sr. Governador do Estado, no dia de ontem. Então,
são números que deixam qualquer um estarrecido, porque, primeiro há uma pequena
diferença de um milhão e meio para sete e meio; daqui um pouco o déficit é de
3, 4 milhões e pede 40 milhões no BANRISUL. E, dentro desta época, que nós não
temos nenhum Projeto, efetivamente, nós temos que debater, discutir notícias
que saem pela imprensa. Leio também na mesma página, página inteira, “Recursos
da Prefeitura Municipal”, diz o seguinte: Que os Secretários da Fazenda de 11
Municípios da Grande Porto Alegre decidiram, ontem, unificar a cobrança das
alíquotas do imposto de Venda a Varejo, etc. criada pela nova Constituição, em
10%, índice que deverá ser adotado também na Capital. Em reunião com o Secretário
da Fazenda, em Porto Alegre, João Verle, os Prefeitos acertaram, também com
repasse a ser feito. E João Verle adiantou que a administração municipal vai
arrecadar 300 mil com a arrecadação do IVV, sem contabilizar. Isso é por mês.
Então, eu só queria colocar, para que as pessoas se
informem, que esse imposto aqui deverá vir para a aprovação desta Casa; este
Projeto já veio no mês de outubro, e no mês de dezembro foi retirado da Pauta
da convocação a pedido do então Ver. Antonio Hohlfeldt, que falava, naquela
oportunidade, em nome do Prefeito municipal. Então, o Projeto está arquivado.
Assim, estas informações que falam que o Senhor Secretário decidiu isso ou
outra coisa, como os demais Secretários da Região Metropolitana é um exercício
de futurologia, porque, no que me concerne, ao menos a mim ao ver que o
proprietário de automóvel está pagando 17% de imposto federal que tinha sido
anunciada a sua extinção, mas não foi extinto. Imposto Único Sobre Combustível,
17%, é o mesmo que vem para cá com 3%. Ontem, o Sr. Secretário da Fazenda do
Estado, confirma a existência desses 17%, quer aumentar para 27% o ICMS para o
carro novo, evidentemente repercute no carro usado. Porque foram extintos esses
3% que nós vamos votar, a União criou um pedágio que será cobrado a partir de
março, continua cobrando o pedágio e mais 3%. Eu creio que é um massacre em
cima da classe média. No que me concerne eu vou votar contra à criação desse
imposto, e, caso ele for aprovado, vou fazer uma Emenda, que já apresentei,
para que seja escalonado 1% nesse ano, 2% o ano que vem, 3% no próximo.
Para encerrar, Sr. Presidente, então, no que me
concerne eu vou votar contra qualquer crescimento de imposto. Mais ainda, o IPI
dos automóveis que era 28% passou para 40%, com a promessa de ser diminuído e
não o foi. Apesar dessa reunião dos Srs. Secretários municipais da Fazenda, ao
menos no que me concerne eu vou votar contra a criação de impostos para a
classe média. E não se diga que eu esteja tirando recursos do governo
municipal, porque esse recurso foi do governo municipal. Nenhum governo
municipal, anteriormente, teve esse recurso.
Finalmente, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, me parece
que com a decisão que aparece nos jornais, o Fundo será extinto por inanição.
Existe algo chamado cálculo atuarial, que diz que os benefícios futuros de
qualquer plano de aposentadoria, pressupõe atendimento aos parâmetros fixados
no início do plano. Então, no momento em que se propõe que o plano seja
facultativo, que contribua quem quiser, o plano, na verdade, fica inexeqüível
em termos atuariais e o Fundo, a vigorar esta decisão, será extinto e se for
extinto, como já disse diversas vezes, para mim é absolutamente indiferente. Só
vou deixar que os votantes, que têm mais peso na decisão, decidam sobre a manutenção
ou não do Fundo de Aposentadoria dos Vereadores, já existente, que foi criado
por lei por esta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PPESIDENTE: Próximo inscrito, em
Comunicação, Ver. Clóvis Brum. Ausente; Ver. Décio Shauren. Desiste. Com a
palavra, o Ver. Ervino Besson.
O SR.
ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, na sexta-feira fizemos uma visita ao CIEM João Goularte, na Vila
Elizabeth. Chegando lá e assistindo ao funcionamento do CIEM, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, nós saímos bastante preocupados, porque o PT, e a idéia do PT
quanto ao fechamento dos CIEMs com turno integral. Depois, nós vimos as
declarações da Drª Ester Grossi, em que ela diz o seguinte: (Lê:) “A concepção
pedagógica do CIEM é popularista, paternalista, e precisamos ver a educação a
partir de uma idéia de liberdade.”
Srs. Vereadores, o que prega o PT? O PT não é um
partido popularista? Logo abaixo das declarações da Drª, nós vimos o seguinte:
“É cientificamente falso dizer que as crianças mal alimentadas terão
dificuldades no aprendizado", repito a declaração, “É cientificamente
falso dizer que as crianças mal alimentadas terão dificuldades no aprendizado”.
As crianças de condição social mais privilegiada, melhores alimentadas, já
chegam na escola semi-alfabetizadas, e esta é a única vantagem que levam sobre
as demais. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma criança que vai com fome para
a escola, e senta num banco para estudar com fome, terá condições de estudar?
Terá condições, minha gente? Não dá para engolir essa. Os Senhores me perdoem,
mas não dá. Nós chegamos lá, nos CIEMs, na hora do almoço, e eu vi, nesta
tribuna um companheiro, Vereador, que disse o seguinte: A alimentação nos CIEMs
é meia xícara de café e duas bolachas Maria, marca “Neusa”. Chegando lá e vendo
as crianças se alimentando, eu me pergunto: Há dois pesos e duas medidas. No
trajeto que nós fizemos de volta, nós passamos na Vila Elizabeth e lá nós
encontramos com diversas crianças que estavam no CIEM. Paramos o carro e fomos
conversar com estas crianças, perguntamos onde elas moravam e fomos até à casa
delas. Chegando lá fomos atendidos pela Srª Rosana Machado, começamos a
conversar com esta Senhora. Ela tem 8 filhos, inclusive um é doente. Ela nos
disse que a aposentadoria que ela ganha por mês é de 44 cruzados. Uma miséria,
não dá para comprar um quilo de pão e um litro de leite por dia. Ela tem 5
filhos nos CIEMs. Ela disse que o CIEM foi a salvação para a família dela:
“meus filhos vão de manhã, tomam café, estudam, almoçam e, às vezes, jantam
também.” E eu fiz uma pergunta a esta Senhora: “se o turno integral dos CIEMs
terminar, o que a Senhora pensa disso?” Ela respondeu: “Penso que será um
desastre para mim, pois vou ter que trabalhar, vou deixar as crianças
jogadas na rua e eles vão se virar da maneira que Deus quer.”
Srs. Vereadores, nós nos preocupamos tanto com a segurança. E se nós
nos preocupamos tanto com a segurança, hoje, o que vamos esperar destas
crianças da rua? Serão mais um bandido, um assaltante, um estuprador de amanhã.
Isso nos preocupa muito. Vejam só a colocação desta mãe com oito filhos sendo
cinco deles estudantes do CIEM. Há deficiência de escolas? Há, todos nós
sabemos. Mas então, creio que nós vamos arranjar uma outra forma, vamos
construir mais escolas, mais CIEMs, porque temos que dar um atendimento para as
crianças desde pequenas. Não adianta nós querermos salvar a Pátria, salvar a
situação quando a mesma está corrompida. Nós temos
que começar lá de baixo.
Aqui, Srs. Vereadores, temos umas fotos que foram
tiradas na oportunidade da nossa visita e coloco-as à disposição dos Srs.
Vereadores para quem quiser olhar.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores é um apelo que faço
aos senhores, façam uma visita aos CIEMs, não uma visita programada e sim
visita de surpresa, partindo daí creio que cada um vai ter o seu ponto de
vista.
Agradeço a atenção dos Srs. Vereadores. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Clóvis Brum): Próximo orador é
o Ver. Flávio Koutzii. Tem 10 minutos regimentais S. Exª.
O SR.
FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, nós gostaríamos em primeiro lugar de reconhecer esse formidável
talento de comentarista que o meu amigo e Ver. Zanella tem de intervir,
permanentemente, baseado no noticiário da manhã. Realmente não fora um
brilhante Vereador, seria um brilhante comentarista. Especialmente porque eu
tenho ouvido, como efetivamente eu não tive os seis anos interiores aqui, que
há uma certa falta de critério na seleção do material ao comentar, porque basta
que ele seja um pouco sugestivo e excitante para que tenha imediatamente uma
acolhida por parte do Vereador que é um homem de grande experiência política.
Então, é importante ressaltar que o cronista Barrionuevo não é porta-voz do
Governo Municipal. Embora muito inspirado e imaginativo não fala pelo Prefeito
Olívio e, portanto, não há nenhuma declaração da Administração falando em
despedir três mil funcionários da Prefeitura. Há apenas no Jornal “Zero Hora”,
um reconhecimento por parte do Prefeito de que frente às enormes dificuldades
financeiras considerará também a necessidade eventual de diminuir em parte o
quadro. Só. A orientação desde nossa chegada ao Governo tem sido de respeitar o
funcionalismo, de evitar aquilo que outras Administrações de outros Partidos já
fizeram, querem instalar o temor, a ameaça e o terrorismo para o funcionalismo.
Não é esta a linha da Frente Popular, não é este o nosso critério e não são
estes os fatos vistos nos primeiros dias de nossa Administração. Igualmente,
deveria o nosso comentarista ter observado não o lado menor da questão da
reunião de ontem, entre os prefeitos da Região Metropolitana que têm, em
primeiro lugar, um aspecto que tem que ser ressaltado como comportamento
público, e não partidarista, estreito, que é, justamente, por sugestão desta
administração, nós evitarmos especular, por exemplo, e propormos a esta Casa,
como oposição da administração, um IVV (sic) de dois e meio por cento para
puxar para Porto Alegre o consumo da gasolina, em desfavor dos Municípios
vizinhos - isto se chama critério público, isto se chama respeito a outros
partidos e a outras prefeituras que não a nossa. Isto é uma coisa que, parece,
não há costume em perceber e sublinhar. Então, queríamos chamar a atenção eis
que sabemos que o tema vem aqui. É absolutamente normal que os Secretários, os
prefeitos de Municípios da Área Metropolitana, discutam com critério homogêneo,
que é respeitoso aos interesses coletivos de toda a área e este é o espírito
principal da questão.
Mas vai adiante, já anunciando o seu voto, o Ver.
Zanella, dizendo, em defesa dos interesses de setores médios da população – e
isto é totalmente respeitável -, que não vai votar a favor dessa posição. Isto,
certamente, nos levará a debates muito importantes, aqui, porque o tema dos impostos
e o tema do esmagamento efetivo que vem sofrendo a população, em diferentes
níveis, pela carga tributária, tem que passar por uma discussão mais profunda.
Há uma razão muito nítida de por que os impostos passam a ser apenas inimigos
do cidadão, porque as administrações públicas, até aqui, não foram capazes de
responder os seus compromissos, e foram ausentes, incompetentes e incapazes a
nível do que produziam como administração e melhoria das condições de
vida das populações municipais - esta é a questão, não é o imposto que está
demais, é o mau governo que está demais. Esta é uma questão central que depois
se explora com infinita superficialidade, irresponsabilidade, porque se tira,
definitivamente, os recursos para quem quer e pode fazer uma administração mais
conseqüente e responsável aos interesses do Município. Então, nós consideramos
desde agora - e sei que debateremos muito sobre este assunto aqui, mas é uma
falsa posição de defesa da cidadania, porque os serviços coletivos e sociais
que uma Prefeitura fornece, o indivíduo não pode ter sem o funcionamento e os
recursos da Prefeitura. E esses recursos não
existirão se os impostos não forem recolhidos e reforçados; e tenho certeza que
mesmo não havendo estado aqui nos últimos 6 anos, Vereadores de todos os
Partidos reiteraram a tradicional crítica da esfera municipal de que nunca a
hipercentralização dos tributos a nível federal e medianamente a nível estadual
impediram o mínimo de autonomia jurídica num terreno, e financeira noutro, no
Município, para realmente se poder fazer uma política consistente e não uma
política de tapa-buracos. É o segundo eixo sobre o qual nós viremos quando
tivermos que discutir aqui o IVV. Mas o ponto principal da minha intervenção é
retomar aqui o tema principal desenvolvido, ontem, pelo Prefeito Olívio Dutra a
respeito da situação que encontrou - a situação financeira e orçamentária do
Município onde ele destaca não-somente as enormes dificuldades que teremos em
janeiro quanto desenvolveu um tema que me parece da maior importância,
especialmente em relação as nossas discussões, debates e polêmicas, Frente
Popular, PDT, que tem vindo, com justa preocupação, defender suas convicções
políticas e concepção de administração e obras que tenha feito, esquecendo, de
forma unilateral, as suas responsabilidades na forma como passou o bastão para
a nova Prefeitura. Da questão do déficit previsto para o mês de janeiro, os
jornais e a entrevista de ontem é clara e suficiente. Mas acho que é um exame
que não foi feito que permite não uma adjetivação sem sustentação, mas um
diagnóstico muito claro para sustentar a afirmativa de que foram motivos de
índole político-partidária e de concepção da relação com a coisa pública que
fizeram a administração Collares tomar algumas das decisões que tomou,
especialmente no período final. Vou ser mais claro. Um estudo feito pelo novo
Secretário e seus assessores demonstra que, seguindo uma orientação muito
respeitável, a Prefeitura anterior havia mantido em agosto de 1988, entre o que
pagava para a administração centralizada a nível de salário e a receita que
obtinha havia uma proporção de 48%, mais claramente, a folha da centralizada
consumia 48% da receita em agosto, 43% em setembro, 32% em outubro, 51% em
novembro, quando creio incidiram os modestos aumentos de salários concedidos na
época, em novembro concedidos. Em dezembro, com o 13° salário, a incidência
passou a 84% o pagamento da folha em relação à receita, compreensível por ter o
13º.
Então, isso quer dizer que, enquanto a administração
Collares foi Governo e teve uma política, e deveria mesmo tê-la, ela tratou de
estabelecer uma relação em torno de 50% do que entrava sendo colocado à
disposição da folha da administração centralizada.
Para concluir, Sr. Presidente, isto absolutamente
mudou. Quer dizer, o que a administração fez ao conceder todas as modificações
e o Plano de salários e aumentos que fez, que nós somos a favor, mas não
exatamente e, tivemos o debate, na oportunidade, pelo nosso Ver. Antonio
Hohlfeldt. Daí passou para 108% o peso da folha em relação à receita. O que
quero dizer é que a administração que foi ultravigilante neste equilíbrio
passou para uma administração que não é sua, sob a qual não tem
responsabilidades, critérios, fundamentações e orientações que não correspondem
àquelas que nós gostaríamos de determinar. Isso nos permite afirmar, concluindo
nesse pequeno abuso do tempo, de que efetivamente estamos frente a uma questão
de índole política e uma forma pela qual nós consideramos errada e um
verdadeiro ataque ao nosso Governo e ao nosso início de administração. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra,
o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
a Câmara de Vereadores vem se reunindo nas Sessões da Comissão Representativa
desta Casa dentro de um ambiente, naturalmente, quase que de Sessão normal e,
evidentemente, os temas, os debates em torno das questões da Cidade, dentro de
pouco mais de quinze dias da nova Administração, começam a ser analisadas, a
questão dos transportes, problemas habitacionais da Cidade. Mas um dos
problemas, Sr. presidente e Srs. Vereadores, que julgo prioritário, neste
momento, é, evidentemente, a questão educacional. E por que me refiro desta
forma? Refiro-me desta forma porque hoje é 18 de janeiro, já próximo do fim do
mês de janeiro, vem este fim de semana e outro fim de semana e já,
praticamente, é o fim do mês, começo do mês de fevereiro, com o carnaval e
março é o início do ano letivo. Eu quero saber, exatamente, o que está sendo
feito pela Administração Municipal em relação às matrículas, ao encaminhamento
da questão educacional na cidade de Porto Alegre. E preocupa-me esta questão,
com maior intensidade, por notícias que têm saído nos jornais da nossa Cidade. E
algumas dessas notícias, evidentemente, com repercussão nacional. É óbvio que
têm repercussão nacional uma notícia do Sr. Prefeito da cidade de Porto Alegre
que pretende acabar com a revolucionária obra da educação, aqui implantada pela
Administração trabalhista de Alceu Collares e que teve os seus modelos
inspirados na Administração trabalhista de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro e
que, evidentemente, é um dos pontos maiores dentro do nosso projeto
governamental, na área educacional para todo o País, vencendo as eleições,
Leonel Brizola a Presidência da República a 15 de novembro.
Evidentemente, pretendemos instalar CIEMs, CIEPs, em
todo o Brasil, no Amazonas, Piauí e no Ceará. Mas, a administração daqui tem
dúvidas. E algumas declarações que têm sido formuladas pelo Sr. Prefeito e pela
Secretária da Educação, me preocupam muito. Uma delas mexeu com alguns
conceitos que eu tinha com relação à educação. Eu sempre tive presente que,
para uma criança ter uma assimilação plena dos conceitos dentro de uma sala de
aula, o pré-requisito fundamental era essa criança se encontrar bem alimentada.
Isso foi o que aprendi no curso de todos esses anos, sempre ligado a área de
educação, começando a ler desde àquelas obras de Josué de Castro, a “Geografia
da Fome”, a “Geopolítica da Fome”, as obras educacionais da pedagogia de Paulo
Freire. E surpreedentemente, a Secretária da Educação, que tem um vasto
currículo educacional com cursos no exterior ela afirma que o problema da
alimentação não é prioritário, com relação à educação. Que a criança, mesmo mal
alimentada, assimila perfeitamente bem os conceitos dados pelo professor na
sala de aula. Porque, exatamente, a idéia do CIEM é o preparo de uma criança
para que ela possa entrar dentro de uma sala de aula e assimilar os conceitos
ali expendidos. Isso para que ela não entre na lª série do 1º grau e na 2ª
série não tenha mais condições de prosseguir no seu estudo. A evasão escolar é
um fato, os dados estatísticos estão aí a provar. Mas esses conceitos que estão
sendo expendidos pela Administração Petista, levam-me, evidentemente, a me
questionar, porque têm sido expendidos por pessoas largamente especializadas e
com profundo conhecimento da matéria, com cursos e currículos
internacionais.
E uma outra notícia nos leva a uma profunda reflexão
sobre tudo que foi feito em termos de obras educacionais do governo Alceu
Collares. É que o centro de preparação que funcionaria da 5ª à 8ª série, aqui,
no centro de Formação e Preparação de Mão-de-obra que funcionaria na Usina do
Gasômetro não teria condições de funcionar este ano. Tudo isso nos a
preocupações, Sr. Presidente, que fez com que este Vereador, o Ver. Artur
Zanella e o Ver. Clóvis Brum, subscrevêssemos um requerimento que seja
apreciado por esta Casa, no sentido de que seja convocada S. Exª, Secretária da
Educação Esther Grossi, para que venha aqui informar e prestar a esta Casa e à
população de Porto Alegre, os esclarecimentos que se fazem necessários em
relação à educação na cidade de Porto Alegre, qual a orientação efetiva do
Governo Municipal em relação aos CIEMs, aos Centros de Preparação de
Mão-de-Obra que funcionaria na Usina do Gasômetro e o outro que funcionaria no
Bairro Humáitá, igualmente isso nos leva a profundas preocupações em relação a
esta questão. E, nada melhor, Sr. Presidente e Srs. Vereadores para dirimir
estas dúvidas e que se possa estabelecer um diálogo com os Vereadores desta
Cidade do que a presença da Secretária de Educação, aqui, nesta Casa,
evidentemente, em horário a ser combinado entre a Mesa desta Casa e S. Exª a
Secretária.
O Sr. Artur
Zanella: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu assinei o requerimento e foi baseado como V. Exª
disse, em notícias de jornais. Pelo que vi, hoje, o PT não gosta de notícias de
jornais, gosta que se discuta o plano do Presidente da República, não os planos
da Cidade, então pedi este aparte a V. Exª, já que o Líder do PT não me deu o
aparte, naquela oportunidade. Eu queria dizer, se V. Exª me permite, que,
efetivamente, se comentam nos jornais, nesta tribuna, porque eles trazem esta
informação e, inclusive, ajudam a tirar certas dúvidas. Por exemplo, quando o
Líder do PT fala que nós queremos tirar recursos da Prefeitura, não é verdade,
os recursos não são da Prefeitura, poderão ser. E, finalmente, quero dizer a V.
Exª que apesar do Líder do PT não gostar, aparentemente, do jornalista José
Barrionuevo, tanto é que o criticou, dizendo que não é verdadeira a notícia, ou
coisa que valha, eu me baseio exatamente nas notícias dos jornalistas que leio.
Efetivamente, gostaria de ser comentarista de jornal ou de rádio e, tanto é que
gostaria que comecei a tirar o curso de Jornalismo, está suspenso no momento,
mas espero voltar e, quando me formar em jornalismo, quem sabe consiga
oportunidades que muitos colegas meus têm. Mas queria apoiar o Requerimento de
V. Exª.
O SR. ISAAC
AINHORN: Encerro Sr. Presidente. V. Exª
Ver. Zanella, pode ser tranqüilamente
colaborador especial, como Paulo Brossard; Delfin Neto; João Antônio Dib; Omar
Ferri. É uma questão só de ser convidado. Encerro, em face da relevância da
matéria, e solicito a V. Exª, Sr. Presidente, que o presente Requerimento seja
lido e submetido à votação, para que, na próxima semana, tenhamos condições de
dialogar aqui, nesta Casa, com a Secretária de Educação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Aproveito
para convidar o próprio Vereador Isaac Ainhorn, para fazer a leitura aqui da
Mesa para facilitar.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, nesse Requerimento aparece a palavra convocar, palavra um pouco
dura. Só que infelizmente o nosso Regimento Interno não permite a palavra
convite, só fala em convocação, então, quando estiver escrito convocação, por
favor, leia-se espiritualmente, ao menos, convite.
O SR.
PRESIDENTE: Tenho certeza que o Ver. Isaac
e o Ver. Clóvis Brum se preocuparam com o artigo e deve estar colocado no
Requerimento. Solicito a V. Exª que leia o Requerimento.
O SR. ISAAC
AINHORN: (Lê o Requerimento.)
“Senhor Presidente:
Os assuntos educacionais de Porto Alegre estão em
análise profunda nos meios de comunicação. Um dia anuncia-se a manutenção dos
CIEMs - no outro este sistema é citado como elitista. Afirma-se que a grande
vantagem dos CIEMs é a possibilidade de que os alunos possam ter dois turnos de
aula e alimentação - já no outro dia lê-se que isto é negativo, pois existem
falta de vagas e que a alimentação restringe-se a um simples café e bolachas.
Ao mesmo tempo publica o Jornal do Brasil, entrevista com o Sr. Prefeito, onde
S. Exª assim se pronuncia: ‘Não dará prosseguimento aos devaneios da
administração anterior, que não são essenciais, citando entre estas obras o
Ginásio de Esportes e o Sambódromo.’ Como o Sambódromo não foi iniciado,
infere-se que o Ginásio de Esportes é que não terá prosseguimento, o que nos
parece um absurdo. E o Sambódromo, que abrigaria uma escola especial, será
iniciado ou não? Também questiona-se o prosseguimento do Programa das
denominadas ‘Casas da Criança’.
Igualmente, noticia-se que o Centro de Preparação de
Mão de Obra - projetado pela administração Alceu Collares - de atendimento a
640 alunos de 5ª à 8ª série, como ensino profissionalizante não entrará em
funcionamento este ano, conforme noticia o Jornal do Comércio de 17/01/1989.
Ante o exposto, com fundamento nos Artigos 60, II, e
201 do Regimento Interno desta Casa, requerem a convocação de S. Exª a
Secretária Municipal de Educação, Sr.ª Esther Grossi para em dia e hora a ser
previamente acertados, a fim de que sejam estas dúvidas dirimidas.
Este nosso pedido, tem por finalidade, não só os esclarecimentos a esta Casa como também para a população de Porto Alegre.
Porto Alegre, 18 de janeiro de
1989.
(a) Isaac Ainhorn.”
O SR.
PRESIDENTE: Em votação o Requerimento lido
pelo Ver. Isaac Ainhorn.
Para encaminhar, Ver. Clóvis Brum.
O SR.
CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o nosso encaminhamento é no sentido de que esta Casa trate desse
problema com muita preocupação, porque as informações são um tanto distorcidas,
e se chocam diante de uma dramática realidade; ora os responsáveis pela
educação no Município de Porto Alegre dizem que a alimentação nada tem a ver
com a educação da criança, não influencia; ora se entende que o funcionamento
dessas escolas integradas em dois turnos significam um paternalismo
desenfreado; ora se diz, na área do Governo do Município de Porto Alegre que
isto é populismo. Eu estou deveras conflitado, Sr. Presidente, com estas
informações. Sempre tive uma admiração muito grande pelo Partido dos
Trabalhadores no que tange à sua competência e o seu trabalho na área
estudantil e universitária e, sinceramente, ou este Partido sempre esteve na
área universitária de estudantes ricos e não sabe nada de pobreza, não
compreende a pobreza e não sente a miséria e a fome, ou está havendo uma forte
contradição entre o discurso do PT, e eu repito uma frase - entre o palanque do
Olívio e o palácio do Prefeito Olívio. Esta distorção, esta diferença, nós
temos que estabelecer com precisão por ocasião da vinda da Srª Secretária de
Educação, porque retirar crianças de uma escola integrada onde recebe a
educação, onde recebe a alimentação, onde recebe a recreação profissionalizada,
eu acredito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que, no mínimo, é um fato de se
estranhar. Eu até quero conhecer os métodos de educação do PT, através da Srª
Secretária. Porque, segundo os comentários e as informações, as coisas não
estão claras e nós estamos preocupados. Estamos aí há poucos dias do início das
aulas e não se sabe ainda o que se vai fazer com os CIEMs. Uma obra cara? Sim,
uma obra cara. Uma obra de manutenção cara? Sim, de manutenção cara. Mas, eu
confesso, até agora não vi, não ouvi e não senti um outro método mais eficiente
para as crianças que perambulavam soltas, por estas vilas populares, onde se formam
verdadeiros cinturões de miséria, senão os CIEMs. Se a Secretária tiver um
outro método mais eficiente, mais humano do que este que se aplica ao sistema
integrado de educação através destas escolas, nós estamos ansiosos por ouvir e
por sentir. Agora, está chegando o momento de se esclarecer estas dúvidas, de
se posicionar com clareza e com transparência, senão a culpa é da imprensa e eu
não gostaria que se atribuísse assuntos administrativos à imprensa. Gostaria
que nós, Vereadores, integrantes do Legislativo, fôssemos responsáveis, no
desempenho das nossas atribuições, pelo processo ou por todos os processos de
educação, de administração, enfim, no trato da coisa pública.
Concluo, Sr. Presidente, evidentemente como um dos
subscritores ao Requerimento do Ver. Artur Zanella e do Ver. Isaac Ainhorn,
vamos votar favorável. Agora, precisamos, Sr. Presidente, que se esclareça, que
a Secretária de Educação traga para esta Casa, na sua vinda, uma filosofia de
educação a ser impressa, uma coisa séria, transparente, clara, objetiva e tenho
certeza absoluta, sem subterfúgios nenhum, mas que nós saiamos daqui no final
da reunião esclarecidos sobre a política educacional da Administração do PT em
Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encaminha pelo PT o Ver.
Adroaldo Corrêa.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o encaminhamento do PT é favorável no convite, como já foi
salientado, e deve ser acertado como propõe o encaminhamento, aprovado por nós
em termos de horário compatível com a Secretária de Educação e os nossos, no
melhor sentido de buscarmos o esclarecimento. Os questionamentos são feitos e
principalmente da exposição, do conteúdo filosófico, pedagógico, portanto, do
conteúdo ideológico que informa e informará a política de educação da Frente
Popular no Município de Porto Alegre.
Gostaríamos de neste encaminhamento favorável dizer, desde
já, que não concordamos de que os argumentos que temos expostos aqui ou que têm
sido lidos parcialmente por Vereadores que aqui vem, nesta tribuna, a partir
dos jornais, de que o PT é contra a alimentação de crianças. O PT não vai
legislar e executar neste Município para a minoria. Com certeza não vai. A
maioria das crianças em idade escolar que o Estado tem responsabilidade de ter
nas escolas, porque diz que é um direito do cidadão, obrigação dos pais na
idade do ensino fundamental tê-las na escola, sob pena de punição vivem a
realidade da escola formal. Esta é a maioria. Uma grande parcela muito maior
dos que aqui se encontram nos CIEMs já em funcionamento parcialmente, a partir
da 1ª série, já que não se inscrevem crianças nos CIEMs, na 2ª, na 3ª, na 4ª,
na 5ª, na 6ª na 7ª, na 8ª, a não ser os que fizeram a 1ª. Muitas dessas
crianças em maioria não terão escola, se alguma coisa esta Cidade não fizer
para abrigá-las em próprios Municipais, Estaduais ou da responsabilidade de
verbas que se conquiste que se tenha, na compra de vagas em escolas
particulares. E portanto, é isto que tem que ser examinado, que nós não temos o
compromisso com a Política Educacional do Governo anterior, nós temos uma
Política Educacional, temos uma pedagogia que sim é diferenciada. Não é
contrária e contraditória no fundamental à construção de escolas, à alimentação
de crianças mas exige que se inaugure aqui o debate de princípios objetivos e
de idéias, não de interpretação, mas de idéias do conteúdo que são expostas,
que não se venha à tribuna examinar a metade da frase. Cansamos na intervenção
que fizemos aqui, de salientar que o conteúdo pedagógico impõe que se examine
que não há, em nenhum momento no aprendizado da criança, o empecilho a que ela
tenha acesso a aprendizagem, só, e tão somente só, porque está menos
alimentada. Não é isso o essencial. O essencial é que os pais destas crianças -
seja na Presidência da República de Brizola, sim, e porque não? - E nós dizemos
isto: de Lula, de Luiz Inácio da Silva. O essencial é que a política não seja o
essencial, somente, mas que o País tenha condições e que os pais das crianças
dêem condições e tenham condições nas suas casas à alimentação e não caráter
suplementar e caritativo nas escolas, como se essa fosse a função essencial da
escola. O País é de III Mundo, é pobre, tem recursos limitados e o Orçamento do
Município está comprometido em 108%, por esta Câmara que votou. Esta Câmara
votou um Orçamento comprometido em 108% com o pagamento do funcionalismo
público. Portanto, esta Câmara tem responsabilidade com os projetos de toda a
Cidade, não apenas de CIEMs. E a Srª Secretária de Educação seguramente virá
aqui e não apenas repetirá, mas terá novas informações objetivas sobre o
conteúdo pedagógico-filosófico da educação em nosso Município. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Para encaminhar, pelo PDS, com
a palavra, o Ver. João Dib. Logo após, o Ver. Wilson Santos, pelo PL, já
inscrito. (Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn.)
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, por
uma questão de coerência com o pronunciamento que na semana que passou,
realizado nesta tribuna, eu iria encaminhar contrariamente a convocação da
Excelentíssima Srª Secretária de Educação para debater problemas de educação
neste Plenário.
Havia pedido, na semana passada, que déssemos tempo
para que a Administração se instalasse definitivamente e que notas esparsas não
fossem analisadas como um todo. Havia pedido que não se fizessem críticas sem
nenhuma preocupação do que criticar. Crítica deve ser construtiva. No entanto,
o partido que representa o Governo, que representa, portanto, a Srª Secretária
de Educação, apoia a convocação e eu me integro, então, nos que apoiam. Creio
que a Casa toda há de fazer isso.
Mas, quero dizer que, pela experiência que tenho, que
não conheço na história desta Casa nenhuma vez que um Secretário aqui se
apresentou e que a Casa tenha levado vantagem. Mesmo porque, na forma do
Regimento Interno, este diz que: “o convocado” - artigo 202 – “terá prazo de
uma hora para fazer sua exposição atendo-se exclusivamente ao assunto da
Convocação.” E no parágrafo 1º, diz: “concluída a exposição, responderá o
temário que é previamente fixado, objeto da Convocação, iniciando-se a
interpelação pelos Vereadores observada a ordem dos itens formulados, e para
cada item, a ordem de inscrição dos Vereadores, assegurada sempre a preferência
ao autor do item em debate. As perguntas deverão ser objetivas e sucintas,
sendo vedado qualquer comentário posterior.” É uma pena que 18 dias depois de
instalada a administração, nós estejamos trazendo aqui uma Secretária que eu
acredito na sua competência, na sua seriedade, porque eu acredito na seriedade
e na competência de todos aqueles que assumem as funções públicas, porque acho
que aqueles que se integram, aqueles que se dedicam ao serviço público tem o
desejo de acertar. Contrariamente ao que eu desejaria eu vou também votar
favoravelmente à Convocação, esperando até que a presença da Secretária dirima
um monte de dúvidas, mas, sobretudo, cessem um monte de críticas. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Ver. Wilson Santos está com a palavra.
Encaminha pelo PL.
O SR.
WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, é evidente que o encaminhamento do Partido Liberal é favorável à
vinda da Secretária Esther Pillar Grossi a esta Casa. Entende como salutar
inclusive à vinda e independentemente de encaminhar favoravelmente o
Requerimento desta Convocação, dizer que em seguida o Partido Liberal no espaço
de 10 minutos concedidos aos integrantes da Comissão Representativa voltará à
tribuna. É que neste mesmo assunto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós
estamos fazendo um Pedido de Informações a Secretaria Municipal de Educação,
não baseado o pedido em notícias jornalísticas; baseado numa denúncia feita por
técnicos educacionais do Município que estão presentes nesta Casa, que ontem
estiveram na Comissão Permanente de Educação desta Casa. Foram recebidos pela
Presidente da Comissão, Verª Letícia Arruda e por este Vereador, na condição de
Vice-Presidente, onde foi feita a denúncia da desativação do Centro de
Preparação Formação e Mão-de-Obra, que deveria funcionar no local restaurado
nesta Porto Alegre, qual seja: a Usina do Gasômetro.
Então, ao noticiar isto, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, voltaremos aqui para um detalhe mais profundo do assunto referente
ao Centro de Preparação e Formação de Mão-de-Obra, e como está inserido no
Requerimento dos Vereadores Artur Zanella, Clóvis Brum, Isaac Ainhorn, o
Partido Liberal encaminha favoravelmente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encaminha pelo PDT o Ver.
Isaac Ainhorn. V. Exª está com a palavra.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
evidentemente que nosso encaminhamento...
O Sr. Artur
Zanella: Pedimos que V. Exª encaminhe
também pelo Partido da Frente Liberal.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sou grato a V. Exª, encaminhamos
conjuntamente com o Partido da Frente Liberal e evidente que solicitando a
aprovação deste nosso Requerimento, na medida em que entendemos, Sr.
Presidente, que a Câmara de Vereadores é o fórum próprio para o debate das
questões que envolvem a nossa Cidade. E, eu com todo o respeito ao Ver. João
Dib, a quem, diariamente, nas conversas, aprendo muito em termos da cidade de
Porto Alegre, não pretendo, aqui estabelecer um diálogo, um debate através
deste convite com a Secretária de Educação para levar vantagem. Quem quer levar
vantagem em tudo é aquele jogador, o Gerson. Eu pretendo, na minha preocupação,
de quando se estabeleceu isto, e de que num fórum próprio, essas questões que
envolvem a questão educacional na cidade de Porto Alegre sejam discutidas e
debatidas, porque muitas vezes as informações vindas pelos jornais, elas não
são completas, na medida em que os jornais têm problemas - a gente compreende -
de espaço, de colocar num todo, precisaria um dobro de páginas para que
expusesse na sua plenitude as idéias. Então, com a presença dos Srs.
Vereadores, com a presença de pessoas interessadas, como assistentes, em
relação à questão educacional, na cidade de Porto Alegre é que nos preocupamos
em aqui trazer, devidamente convidada, na forma da lei a Secretária de Educação
para debater conosco os grandes problemas que envolvem a educação na cidade de
Porto Alegre e até pelo seu conhecimento, pela sua informação, debater a
questão do encaminhamento pedagógico, porque nunca se diz, este Vereador, pelo
menos nunca aqui afirmou, que o PT era contra a alimentação das crianças, nunca
fez essa afirmativa. O que se discutiu é uma afirmativa, uma colocação da
Secretária, feita publicamente pelos jornais, pelas rádios, pelas estações de
TVs de que mesmo uma criança com deficiência alimentar tinha capacidade de
aprendizado. A mesma capacidade que uma criança que estuda lá no Instituto
Educacional João XXIII, no Colégio Israelita, no Colégio de Aplicação. Eu,
sinceramente, isso me surpreendeu enormemente, e, até para que o debate gere
frutos para a cidade de Porto Alegre em termos de conhecimento e baseado,
inclusive, numa das maiores autoridades educacionais do País que é Paulo
Freire, uma longa folha de serviços prestada à educação que, numa entrevista
que concedeu à Folha de São Paulo, onde teceu enormes elogios ao Sistema do
CIEPs e CIEMs é que nós nos preocupamos.
Ora, nós vamos liquidar com toda uma estrutura montada
e preparada em cima de uma nova concepção. Não quero apenas, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, debater aqui questões teóricas e filosóficas em relação à
questão educacional, à questão da educação na cidade de Porto Alegre. Quero
saber o problema completo, concreto, das vagas nas escolas e das crianças
ocupando e estando todas dentro da sala de aula.
É isso que é importante nesse momento, é a ocupação das
salas de aula, é a não liquidação de um conjunto de prédios que foram
implantados dentro de uma educação que está dando resultados positivos e
acredito e tenho certeza de que a administração petista não vai seguir os
passos da administração do Governador Moreira Franco no Rio de Janeiro que
simplesmente, assumindo o governo do Estado, liquidou com os CIEPs e hoje se
constituem para a tristeza nossa, em verdadeiras taperas desativadas na cidade
do Rio de Janeiro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos.
Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Com a palavra, o Ver. João Dib, dando continuidade às Comunicações. V. Exª tem 10 minutos.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
alguns fatos que ocorrem na nossa vida pública marcam a nossa personalidade: eu
tive a oportunidade, a satisfação de, em 1972, fazer um Projeto de Lei que
tomou o nome “Lei do Silêncio” e que foi considerado à época pelo Instituto
Brasileiro de Acústica como o Projeto de Lei mais avançado do País, em relação
ao controle da poluição sonora, do excesso de ruídos. Posteriormente, em 1974,
modificando o antigo código de posturas do Município eu tive a oportunidade de
fazer essa modificação e incluir o Projeto de Lei; aliás, a Lei do Silêncio foi
incluída no código de posturas e é da minha autoria. Posteriormente, no Governo
Villela foram criadas leis de impacto ambiental, mas sempre ficou para a
população a certeza de que problemas de excesso de ruídos se resolviam falando
com o Sr. João Dib que têm o seu telefone na lista e que atende todas as
pessoas que assim desejarem.
Recebi esta semana uma reclamação surpreendente até
certo ponto, porque todos nós sabemos que a Escola Imperadores do Samba, na
esquina da Érico Veríssimo com Av. Ipiranga têm criado problemas, foi inclusive
na Justiça, a administração Collares fixou horário para funcionamento da
Escola, mas recentemente, moradores de um edifício ao lado reclamaram para a
escola, e surpreendentemente, sim um Ver. desta Casa, que não identificaram,
desceu para dizer que a Escola deveria continuar com a sua atividade ruidosa,
excessivamente, além dos horários permitidos, o que é no mínimo desagradável e
preocupante.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero dizer que
editado o pacote de verão do Sr. Presidente José Sarney, e que na semana
passada eu dizia nesta tribuna, que nós não precisávamos tirar 3 zeros do
cruzado, bastava tirar o grande zero que era o próprio Presidente Sarney, que a
situação melhoraria neste País. O meu Partido tem que dizer que deve acreditar,
deve dar um crédito de confiança, de que nós possamos conter a inflação que
realmente assusta a todos, mas principalmente assusta ao assalariado. Porque
aquele que tem bastante não se preocupa, porque vai ter um pouquinho mais,
agora o assalariado está tendo um pouco menos. Então, a posição da minha
Bancada é de expectativa, é desejar que tudo dê certo, mas não queremos que
haja recessão, não queremos que haja arrocho salarial, nós queremos ver esse
pacote de verão aberto perante o Congresso Nacional, muito rapidamente. E que
os representantes do povo estejam a postos com toda rapidez, para fazer a
análise necessária e indispensável, já que o próprio governo que disse que
estudou quatro meses o pacote, estava um pouquinho embrulhado, e continua
editando medidas, fazendo algumas alterações. Eu tenho certeza que se os
representantes do povo desejarem, eles poderão complementar, poderão modificar,
poderão melhorar. Mas, também, nós queremos que o piso salarial, que o salário
mínimo de referência seja verificado, e verificado cuidadosamente, tão
cuidadosamente quanto foi o salário dos Deputados Federais e Senadores. É
importante que o trabalhador tenha condições de trabalhar, de sobreviver
dignamente e dar condições de sobrevivência a sua família. E não se faz isso,
sem que haja um salário um pouquinho melhor, pelo menos, porque os salários não
estão nada bem.
Evidentemente, até por coerência, eu faria um apelo
àqueles que falam em greve, que pressionassem o diálogo daqueles que têm
obrigação de representar o povo brasileiro e que não estão fazendo. Mas também
quero dizer que, para o Governo, para a Prefeitura Municipal, no caso, o Pacote
é bom, porque, por um determinado tempo, alimentos, medicamentos, combustível,
xerox, telefone, energia elétrica, material de expediente não terão reajustes,
estão congelados e até o próprio IPTU, que o Prefeito Olívio Dutra desejou que
fosse oteenizado, neste momento, passa a ser melhor para a administração, já
que são 600% e não 400% como desejava o Prefeito. Eu faria um apelo a todos
aqueles que pudessem pagar de uma só vez, no seu próprio interesse fizessem
isto e estariam também ajudando a Prefeitura a resolver os problemas. Disse que
é bom para o Prefeito Olívio Dutra, mas para o Prefeito Alceu Collares o Plano
Cruzado foi muito melhor porque o Prefeito Alceu Collares - há uma coisa que se
chama dignidade e eu tenho isto - aqui numa crítica disse que encontrou 15% de
reposição concedida pelo Prefeito João Dib, mas ele não disse que na madruga do
dia 17 de novembro, num programa de televisão ele autorizou o Prefeito João Dib
encaminhar. Vejam V. Exªs, que estou dizendo que autorizou o Prefeito João Dib, que
não precisava pedir autorização de ninguém, porque era o Prefeito, cônscio da
sua responsabilidade e autoridade. O mesmo João Dib que abriu pela primeira vez
neste País as portas da administração, para que se pudesse ver o que lá ocorria
e que não quis dar os 15% sem que o Prefeito eleito dissesse que podia dar, a
partir de fevereiro. E, no momento em que ele disse isto, João Dib, dizendo que
havia recursos para o pagamento - e havia - encaminhou o Projeto de Lei, porque
se não nós teríamos o recesso da Câmara e não poderia ser encaminhado. Mas era
promessa não de João Dib, era promessa de cinco candidatos a Prefeito. O mesmo
Prefeito João Dib que volta a dizer que deixou uma dívida de curtíssimo prazo,
mas deixou recursos para que ela fosse paga. E é tão tranqüilo que haviam os
recursos que eles foram bloqueados, e não se bloqueia o que não existe. Então,
é por isso que eu digo que o Prefeito Alceu Collares recebeu a Prefeitura em
melhores condições do que o Prefeito Olívio Dutra recebeu, tão bem que não
conseguiu desestruturá-la, e ao meu amigo, Líder do PT, pelo respeito que tenho
às suas posições, pelo acatamento aos seus pronunciamentos, quero dizer que nem
todas as administrações foram iguais. Administrei a escassez ao longo de 999
dias, e poderia fazer um imenso relato de obras realizadas, sem que houvesse
acrescido o número de servidores municipais; sem que, à época, tivesse
utilizado o artigo 143, do Antigo Estatuto, hoje, o 111, para que pessoas
fossem aquinhoadas de forma indevida, de forma indecente, - eu tive muito
cuidado em administrar os recursos da Prefeitura, e, é por isso, que pude fazer
40 Km de novas vias; a cada 11 dias, em média, podia entregar uma praça feita
junto com a população, centenas de salas escolares, integrar o mapa cadastral
da Cidade que permitiu as modificações feitas no sistema de arrecadação do
IPTU.
Encerro dizendo que cada um deve fazer o melhor que
pode, e eu tenho tentado, ao longo de toda uma vida pública, fazer o melhor, e,
por isso, às vezes, me magoa um pouquinho, sei que não houve a intenção de me
magoar, tenho certeza, mas, de repente, eu também estaria incluído entre
aqueles que não cuidaram devidamente da coisa pública. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Motta.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
sem dúvida que a divulgação do Pacote de Verão se transforma, hoje, no grande
tema que se discute, não só nas Câmaras e Assembléias, mas em cada recanto do
País, e nas ruas. E, mais uma vez, nos parece que o Governo Sarney insiste em
tentar resolver a questão da crise econômica por um caminho que nos parece
absolutamente equivocado e artificial, ou seja, o Pacote de Verão não ataca os
problemas estruturais da economia brasileira. Portanto, a hiperinflação, ela
não será jamais amenizada ou evitada a partir de medidas como as propostas pelo
Pacote e que não ataquem duas questões centrais que no meu entendimento são
fatores chaves e que alimentam a atual crise econômica em curso no País. A
primeira delas se trata de nós repensarmos, redimensionarmos, o papel do Estado
na economia brasileira, ou seja, este Estado, enquanto um Estado investidor e
consumidor, estão esgotados, ou seja, o Estado no Brasil está falido economicamente
e o seu déficit público, o seu crescimento constante, é uma prova cabal disto.
Seus custos financeiros são altíssimos e os índices do déficit público
demonstram categoricamente esta constatação. Porém, ao contrário do que o
Pacote propõem, não se combate o déficit público com as medidas que estão sendo
adotadas pelo Governo José Sarney e pelos seus Ministros da área econômica, ou
seja, demitindo mais de 90 mil funcionários atacando e liquidando com algumas
empresas estatais, sem resolver e sem ter uma política séria que ataque o
problema do déficit mas, via dívida interna, nós não resolveremos este
problema responsável pela crise estrutural da economia brasileira. Só para nós
termos uma idéia mais precisa sobre esta situação, temos dois dados. O primeiro
dado é de que em 1985 os encargos sociais e salariais devidos pelo Estado
caíram para 6,82 do produto interno bruto e continuam a cair progressivamente.
Em conseqüência nós tivemos a desorganização e a perda da competitividade de
várias empresas estatais. Enquanto isso, os custos que o Estado teve em relação
à dívida externa subiram, em 1985, atingiam 10.93 do
próprio produto interno bruto. Portanto, me parece que estes dados
esboçam um raciocínio radicalmente diferente do raciocínio adotado pela equipe
econômica do governo Sarney que ataca mais uma vez o emprego de milhares de
pessoas e não ataca o problema central do déficit público que é exatamente a
questão da dívida interna.
Segundo dado, a questão das exportações e da dívida externa, buscando
evitar a recessão violenta, o Governo, através do seu Plano de Verão, tenta
manter um estímulo desesperado às exportações, fazendo com que venha à tona, e
a imprensa hoje noticiou, que o nível das reservas cambiais existentes no
Brasil é algo absolutamente surpreendente, é irrisório, uma economia que
movimenta este montante de exportações é incompatível, inclusive, sob o ponto
de vista da própria economia capitalista ter como garantia o nível e o índice
de reservas cambiais existentes atualmente no País. Nós
sabemos qual é a conseqüência desta política de exportação, é a manutenção dos
estímulos e dos subsídios aos preços das matérias-primas para que cada vez mais
elas sejam estimuladas a serem vendidas para o exterior. Isso significa, por
exemplo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a manutenção de uma política
criminosa em relação à Companhia Siderúrgica Nacional, que é obrigada, devido a
esta política, a fornecer matéria-prima, ou seja, cada folha de flandres à
indústria a um preço de 473 dólares, enquanto no mercado internacional se paga
pelo mesmo produto a cifra de 700 dólares. Isso significou só em 1987 um imenso
prejuízo à Companhia Siderúrgica Nacional, que atingiu a cifra de 572 milhões
de dólares. Mas quem se beneficia com isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores? É
evidente que são os credores externos do País e que receberam no ano passado
rigorosa e religiosamente o montante de 14 bilhões de dólares somente a título
de serviços da própria dívida externa.
Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sem
atacarmos problemas estruturais como estes, ou seja, o problema de repensar e
redefinir o papel do Estado na economia, e o problema da política de exportação
e da dívida externa, nós não chegaremos à resolução da crise econômica vigente
no País e que tem como grande responsável, me parece, de uma forma evidente e
cristalina, a política econômica e o próprio Governo José Sarney.
O Sr. Omar
Ferri: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar quero congratular-me com o discurso
que V. Exª está proferindo. Em segundo lugar para dizer que eu me solidarizo à
argumentação de cunho econômico que V. Exª expõe em seu discurso, e colaborar
para dizer o seguinte: esta política de exportar é totalmente criminosa contra
os interesses nacionais. Eu só dou um exemplo do prejuízo que o Brasil tem em
matéria de exportação, que está escrito naquele livro do Joelmir Betting, “A
Subversão dos Juros” ou “Os Juros Subversivos”, eu não lembro bem o nome, que
nasceu de uma conversa de algumas horas que ele teve com Fidel Castro, em Cuba.
O Brasil tem o prejuízo diário na exportação de açúcar de um milhão de dólares,
está lá no livro para quem quiser ler. Então não interessa essa Política de
exportar para pagar a dívida, porque, na realidade, as exportações
condicionadas aos interesses cambiais internacionais são todas elas
prejudiciais ao Brasil. Muito Obrigado.
O SR. JOÃO
MOTTA: Por tudo isso, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, o nosso entendimento está colocado. Para nós a importância e a
urgência de refletirmos sobre os rumos políticos e econômicos do País. E nos
parece que pensarmos numa alternativa política a esse quadro, passa por nós
imediatamente redefinirmos um programa e uma proposta que demonstre a sua
aversão a episódios tipo de o de Volta Redonda, ao episódio da morte de Chico
Mendes e ao episódio das 150 mortes do naufrágio do Bateau Mouche no Rio de
Janeiro. Informados que todos esses episódios estão enformados pela impunidade
e pela corrupção e essa é a característica marcante desse Governo. E essa nova
alternativa política, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, deve estar assentada,
no meu entendimento, em dois pilares fundamentais: num Programa econômico que
ataca a questão da Dívida Externa e o Setor Financeiro, a Reforma Agrária, o
déficit público e a recuperação dos salários e que no Plano Político se
comprometa desde já com a defesa da liberdade de Organização e a Democracia, o
fim da tutela militar e o fim da impunidade. Por isso achamos que a Câmara de
Vereadores deve se pronunciar a respeito do Pacote de Verão através da Moção
que está circulando já no Plenário, e que a Bancada do Partido dos
Trabalhadores na sua integridade está subscrevendo.
Para concluir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
sabemos que as divergências sobre a questão da Educação serão em dois níveis,
sob o ponto de vista de uma visão mais geral, mais global, sobre o ensino e a
pedagogia, e sobre as questões imediatas colocadas. E dentre essas questões
imediatas colocadas, duas estão se evidenciando neste momento, a questão do
fechamento ou da suspensão do funcionamento da escola da Usina do Gasômetro e a
questão da evasão escolar. A primeira delas, sobre o fechamento ou sobre a
suspensão, da Escola da Usina do Gasômetro, nos parece que eram visíveis,
segundo entendimento da atual Secretária da Educação, a inexistência de
condições de infra-estrutura, que viabilizasse, que garantisse o pleno
funcionamento da Escola. Esta é a razão pela qual está transferido o
funcionamento da Escola. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Com a palavra,
o Ver. Lauro
Hagemann. Ausente. Com a palavra, o Ver. Luiz
Machado.
O SR. LUIZ
MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
quero aqui, na tribuna, me congratular com a posse do Dr. Edemar Tutikian, na
Superintendência da LBA do Estado do Rio Grande do Sul. É um cidadão que tem
prestado muitos serviços para a nossa Cidade, para o nosso Estado, com
trabalhos da SEAC e, são serviços prestados por ele, e por certo, na LBA vai
fazer um grande trabalho, e nós, moradores da periferia de Porto Alegre, e que
viemos assumir na Câmara Municipal de Porto Alegre, como trabalhadores
comunitários, vamos, por certo, receber o grande benefício das Associações
Comunitárias de Porto Alegre e do nosso Estado.
Quero aqui trazer, também, a minha preocupação como
homem público e como cidadão, ao pacote econômico do governo Sarney, pacote
este que em 1986 fomos todos nós cobaias e, mais uma vez, todos nós somos
cobaias deste pacote. Cobaia porque se der certo, quem sabe, todos ganham ou
muitos ganham. E se der errado, vamos mais uma vez alijar do processo de
crescimento de nosso País, muitas indústrias, muitos comerciantes fecharão suas
portas, e muitos brasileiros ficarão só na saudade, como já ficaram em 1986.
São medidas estas que me coloco contra, mas no que tange ao congelamento é
evidente que vai o meu apoio para conter a inflação; mas nem tudo está certo
nas medidas do governo Sarney no que tange ao Pacote de Verão. Quero me colocar
porque sou um pequeno empresário e, em 1986, trabalhando com o ramo de
panificação ficamos praticamente quase um ano em cartão vermelho na empresa.
Vários insumos da panificação nós pagávamos no câmbio negro Por quê? Porque não
havia uma fiscalização adequada para tanto. O maior contingente de
panificadoras em nosso Estado e do nosso País, trabalha com lenha. E para que
os senhores fiquem sabendo, naquele Plano Cruzado nunca deixou de subir a lenha
- os preços da lenha. Nunca deixou. A lenha também é usada na Olvebra, uma
grande Companhia; é usada pela Borregaard, em Guaíba. Esses grandes monopólios
manuseiam com o preço da lenha, e a lenha sempre subiu no Plano Cruzado, nunca
deixou de subir. E quem denunciava, ficava sem a lenha. Portanto, no momento eu
espero uma fiscalização adequada para que nós, pequenos empresários, não
venhamos a sofrer este mesmo problema, tendo que vender nossa mercadoria,
cumprindo a Lei, pelo preço existente no momento e ter que pagar no câmbio
negro, novamente.
O Sr.
Ervino Besson: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, sou testemunho a respeito da época no
Plano Cruzado, onde, inclusive, fomos numa Comissão até a Polícia Federal, onde
fomos atendidos por S. Exª o Delegado Lacorte, que prontamente nos atendeu a
respeito das reclamações feitas em relação a lenha e nos prometeu que
providências imediatas seriam tomadas. Mas até hoje não foram tomadas nenhuma
providência, porque a lenha, ela continua a subir duas vezes por mês. Vamos ver
agora, com este novo Pacote de Verão, o que irá acontecer.
O SR. LUIZ
MACHADO: Sou grato pelo aparte de V. Exª e
quero dizer que são coisas que a população precisa ficar sabendo, na época, os
panificadores pagaram, no ágio, papel, lenha e outros tantos equipamentos
necessários para a panificação.
Eu quero dizer que espero que no momento não venha a
acontecer o mesmo, por isto que digo que somos cobaia. Cobaia, porque senão der
certo todos nós teremos nossos prejuízos e o País perde com isto.
Quero, mais uma vez, solicitar que o Governo do Estado
nos auxilie na fiscalização nesta área que tanto serve a população de Porto
Alegre, que são as panificadoras, enfim, as empresas em geral trabalham com
lenha, para que olhe para este setor, porque é um setor que tem colaborado pelo
engrandecimento do nosso País.
Quero, também, aqui, relatar uma matéria e não quero,
aqui, ser tachado de comentarista, pelo Líder do Partido da Frente Popular. Mas
quero dizer que também lemos jornal e ouvi um comentário do nosso Prefeito
Olívio Dutra pedindo o empenho do Governo do Estado para que aumente a
fiscalização no que tange ao ICM.
Quero dizer que quem tem telhado de vidro não pode atirar pedra no telhado do vizinho, Por quê? Porque se ele pede para agilizar o processo de fiscalização do ICM, quero dizer que o Sr. Prefeito também está deixando a desejar em áreas que ele poderia atuar como fiscalizador das obras clandestinas de Porto Alegre, sobre as quais já falei em mais de uma vez desta tribuna e volto a falar. Na periferia de Porto Alegre é só quem dos Senhores quiser ver. Obras que estão sendo construídas agora no governo da Frente Popular. Assim como ele solicitou para que seja agilizada a fiscalização do ICM, também seja aumentada essa fiscalização na área sob sua jurisdição, do governo do Município, que é a fiscalização de obras clandestinas na periferia de Porto Alegre.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acho que o Prefeito Olívio Dutra pediu para que o
Governador intensificasse a fiscalização do ICM e fez muito bem e acho até que
a Prefeitura pode ajudar, mas, quanto à fiscalização de obras clandestinas que
têm sido feita através dos tempos em toda a Cidade, e vale muito bem o alerta
de V. Exª porque é necessário que isso termine um dia, é necessário que haja
mais responsabilidade até dos meus colegas engenheiros que às vezes aprovam um
projeto e fazem um pouquinho mais para acertar depois.
O SR. LUIZ
MACHADO: Muito obrigado, Vereador. Não vou
citar locais, quero dizer que existem, basta haver urna fiscalização mais
acentuada nesta atividade porque só faltam construir na periferia casa no meio
da rua.
Agora quero dizer que esta culpa não é só da Frente
Popular que recém assumiu Governo, essa culpa quero transferir ao governo
anterior de Alceu Collares aonde deixou a desejar nessa área. Nós que moramos
na periferia somos sabedores disso aí. Sobre os CIEMs continuo com apoio ao
turno integral porque faço a periferia e espero que a Frente popular possa,
Senhor Presidente, - em seguida vou encerrar - quero que a Frente Popular
consulte as associações de bairro antes de tomar a sua decisão em termos de
dividir os turnos nos CIEMs. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Está
sobre a mesa, Sr. Presidente, uma Moção encabeçada pelos Líderes das Bancadas
do PDT e do PT nesta Casa, e subscrita por vários Vereadores. Razão porque
requeiro a V. Exª que dê ao Plenário conhecimento do conteúdo da Moção, e em
ato contínuo a coloque em votação.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa comunica formalmente
que recebeu, subscrita pelos Líderes e diversos Vereadores, Moção em 2 laudas,
e para conhecimento dos Srs. Vereadores, solicita ao Sr. 3º Secretário que
proceda à leitura da Moção.
O SR. 3º
SECRETÁRIO: (Lê.)
“Não ao Novo Cruzado Contra os Trabalhadores
Com o pacote de verão o Governo Sarney volta a atacar
com profundidade as já minguadas economias dos trabalhadores, propalando a
necessidade de conter o processo inflacionário - o que todos concordamos - o
Governo apresenta propostas que, novamente, deverão prejudicar àqueles que há
muito já pagam pela crise - a maioria da população.
O falado sacrifício que todos serão obrigados a fazer
incide com diferenças astronômicas sobre trabalhadores em comparação aos
empresários. Todos sabemos que enquanto se preparava o pacote, os preços
saltavam vertiginosamente e sem qualquer fiscalização nas lojas e
supermercados. Mesmo assim, muitos dos preços de 14 de janeiro estão abaixo da
tabela do Governo. Ou seja, mais uma vez a farsa do congelamento se repete.
Congela-se os salários pela média dos últimos meses e os preços no pico,
deixando folga para que os monopólios sustentem a sua margem de lucro pelo
tempo necessário para recompor a economia às custas dos assalariados, que desde
o Plano Cruzado acumulam perdas nos seus rendimentos, hoje já em níveis quase
insuportáveis.
Ao mesmo tempo, o pacote não combate a principal causa
desagregadora da nossa economia - a sua subserviência ao capital internacional
no pagamento da dívida externa. A sociedade brasileira já está por demais
convencida que todo o esforço para reorganizar nossa economia que não passe por
uma profunda modificação no relacionamento com nossos credores externos, não
chegará a nenhum resultado satisfatório para a maioria do povo.
Da mesma forma fica a profunda desconfiança da
sociedade - e nós compartilhamos desta desconfiança - frente a propaganda da
reforma administrativa. Como confiar na moralização da máquina estatal por um
governo imerso num mar de corrupção e fisiologismo?
Por tudo isso, nada resta à Câmara de Vereadores desta
Cidade a não ser repudiar veementemente as últimas medidas econômicas do
Governo Sarney e convidar a população, os trabalhadores, os setores médios
cada vez mais empobrecidos, as donas de casa, os estudantes e o conjunto da
sociedade civil para juntos rejeitarmos as propostas recessivas e arrochantes
do Governo.
Da mesma forma entendemos imperiosa a convocação
imediata do Congresso Nacional e a necessidade dos congressistas se
posicionarem a favor da opinião da maioria do povo, rejeitando essas medidas.
Esta Casa estará ao lado do povo nesta luta e não
hesitará em participar e contribuir da forma que for possível com a jornada
solidária dos trabalhadores em defesa dos salários, da sua dignidade, contra a
dívida externa e contra este governo ilegítimo e comprometido com as minorias.
Porto
Alegre, 18 de janeiro de 1989,
(a)
Vieira da Cunha.”
O SR.
PRESIDENTE: Em votação a Moção. (Pausa.)
Para encaminhar pelo PDT o Ver. Vieira da Cunha.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, a quem é dirigida
esta Moção?
O SR.
PRESIDENTE: Solicito ao Requerente que
esclareça.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Para aditar, Sr.
Presidente, no sentido de esclarecer ao Plenário de que a Moção deverá ser
dirigida ao Exmo Sr. Presidente da República, como também aos senhores
membros do Congresso Nacional.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa recebe o aditamento e
passa a palavra ao Ver. Vieira da Cunha para encaminhar pelo PDT.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, desde domingo último que a Nação passou a viver um momento bastante
delicado e isto porque, o Sr. José Sarney utilizando-se do expediente
Constitucional sucedâneo do famigerado Decreto-Lei, baixou medidas provisórias,
medidas que, mais uma vez, privilegiam os setores abastados da sociedade brasileira
e arrocham cada vez mais os salários dos trabalhadores. As contradições são
muitas, e a primeira delas, é que o Sr. Presidente da República pretende,
segundo ele, ferir de morte a inflação no Brasil, e se limita quanto à questão
fundamental da dívida externa, a dizer textualmente o seguinte: “mandou ultimar
estudos no que diz respeito a pagamento dos juros da dívida externa”, nada
trazendo de concreto.
A tabela de preços divulgada pelo Governo Federal é um
acinte, pois os preços de vários produtos básicos são superiores àqueles
verificados nos supermercados no último sábado; além disso, produtos essenciais
como o café, sal, farinha de mandioca, foram congelados, entre aspas, a níveis
de 40% mais caros, do que a tabela elaborada pelo próprio Governo do chamado
Pacto Social, que deveria vigorar até o dia 2 de fevereiro. Mas as
contradições, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não param por aí. Diz o Sr.
Presidente que “tomará as medidas necessárias à execução do Plano doa a quem
doer”, mas, ao mesmo tempo, engaveta uma Lei, encomendada por ele mesmo ao
Procurador Geral da República, que estabelecia sanções graves aos chamados
delitos econômicos, e cedeu por fraqueza política que lhe é característica, a
mínima pressão dos Srs. empresários. Engavetou esse Projeto de Lei, quando
todos nós sabemos que a SUNAB, mesmo com o auxílio da Polícia Federal, não tem
condições, por si só, de fiscalizar os preços.
Continuando, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
conclusão a que se chega é que realmente o Sr. Sarney foi mais uma vez
implacável contra os trabalhadores. Estamos aí frente a uma inflação que
anuncia para o mês de janeiro, nada mais nada menos, do que 50%. E veja só Sr.
Presidente, que o Piso Nacional de Salários foi fixado para viger a partir de
1º de fevereiro na importância vergonhosa e irrisória de Cz$ 63,90 (sessenta e
três cruzados com noventa centavos), quando é a própria Constituição que diz
que o salário-mínimo deve satisfazer às condições, às necessidades básicas do
trabalhador brasileiro. Pois bem, Sr. Presidente, e Srs. Vereadores, esta Moção
de Repúdio deve merecer a aprovação desta Casa a fim de que o Congresso
Nacional não aprove estas medidas. E é a própria Constituição que diz que,
nesta hipótese, as coisas voltam ao estado anterior. E se isto ocorrer, e a
população organizada deve fazer pressão para que assim o seja, não restará
outra alternativa a esta impostura representada pelo Sr. José Sarney,
instaurada neste País a partir da nova República, se não a renúncia. Não
restará outro caminho ao Sr. José Sarney se não renunciar, aliás, o que já
deveria ter feito há muito tempo. E aí sim, Sr. Presidente, o País entrará
efetivamente, sem Decretos-Lei, sem Medidas Provisórias, sem Pacotes, mas com a
sociedade livre e organizada se manifestando numa eleição direta para
Presidente da República em novos tempos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encaminha pelo PSB, o Ver.
Omar Ferri. V. Exª tem cinco minutos.
O SR. OMAR
FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
não pretendo ocupar os cinco minutos para dizer a V. Exas que eu já
subscrevi em termos a Moção que hoje é apresentada para a apreciação deste
Plenário, mas assinei em termos pelo seguinte: eu não morro de amores por um
Governo incompetente, ineficiente e incapaz como é o Governo do Sr. Sarney, mas
sou daqueles que considero que alguma coisa deveria ser feita, porque uma
inflação de 30% ao mês significava que em breve nós chegaríamos numa situação
de caos social. Exigir que esta deficiência nacional renuncie pode gerar tanta
confusão neste País e piorar tanto o caos que já existe que pode se abrir
novamente a porta para que os canhões, as metralhadoras e os tanques assumam
através da ditadura militar e da traição nacional sempre presente dos militares
gorilas brasileiros, pode-se abrir uma porta para que retorne aquilo que nenhum
brasileiro de sã consciência deseja, aspira e quer, a ditadura militar. Vieram
alguns jornais publicados na data de hoje, que o próprio PT - se não estou
equivocado - entenderia de apresentar um Substitutivo a esta parafernália
financeira-econômica editada pelo Governo nestes últimos três dias. Eu parto do
princípio e dou razão ao PT e também me solidarizo com o PT, este Governo
incapaz e incompetente, politicamente deficiente é também imoral, porque
descarregou o peso da situação nacional nas costas dos trabalhadores
brasileiros e daqueles que vivem do salário. Acontece que estamos num beco sem
saída e eu prefiro então aprovar em termos e me solidarizar com o PT nacional,
que entende se as informações são corretas de apresentar Substitutivos. Acho
que a simples negativa do Congresso Nacional a essa Legislação toda,
significaria um Processo de alteração da ordem pública retornando ao cenário
político à ditadura militar e aos militares. Esse é o meu receio, esse é o meu
medo. Então, eu acho que deveria se acrescentar a esta Moção, e esta é a minha
posição, uma espécie de aditivo nosso aqui também, pedindo que os Senhores
congressistas encontrem novas fórmulas de teor econômico social e financeiro
para acertar estas Leis e este Plano todo, naquilo que está errado em relação
ao povo brasileiro em geral, aos trabalhadores da Nação Brasileira. Essa
sugestão na minha modesta opinião evitaria um caos social que determinaria a
intervenção das Forças Armadas. Então eu peço até ao PT, e peço ao Líder da
Bancada do PDT, que revejam as posições com relação a esta Moção, para que
sejam encontradas novas fórmulas que permitam ao Brasil sair dessa enrascada.
Por que não adianta também nós querermos o caos. Nós temos que num determinado
momento nos colocarmos a favor daqueles que este Plano é endereçado, contra da
melhor forma e da melhor maneira possível. Eu voto pela aprovação. Mas o meu
voto tem o sentido de que se junte a essa proposição um substitutivo, uma
matéria aditiva para que se encontrem novas fórmulas de interesse do povo
brasileiro no Congresso Nacional quando da apreciação desses expedientes. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib
para encaminhar.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
me solidarizo com o pronunciamento do Ver. Omar Ferri. Na realidade, nós temos
que aprovar a Moção - creio que na Casa ninguém tem dúvida. Evidentemente, os
termos podem e devem ser reexaminados. Eu acho que posso sintetizar tudo o que
o Ver. Omar Ferri disse, dizendo o que eu já havia dito há alguns minutos
atrás, aqui na tribuna. Nós esperamos que os representantes do povo representem
o povo, e o povo somos todos nós, não alguns assalariados que sempre sofrem com
toda e qualquer medida que seja tomada, porque aquele que tem bastante, com a
inflação ele vai ter apenas um pouquinho mais, e o que não tem vai ter muito
menos. Portanto, acho que temos a responsabilidade de representantes do povo,
no caso do povo porto-alegrense, mas representantes do povo, sem dúvida
nenhuma, de buscar uma redação efetiva, e que dê tranqüilidade para que os
nossos representantes, lá no Congresso Nacional, saibam que devam comparecer -
como nós comparecemos aqui na Comissão Representativa -, e é uma das coisas que
mais têm-me gratificado, porque se esta é a minha quinta Legislatura, esta é a
primeira vez que eu vejo tanto interesse de parte dos representantes do povo,
de debaterem os problemas da Cidade, e até os problemas da própria
nacionalidade. Então, eu espero que esta Moção, modificada em algumas coisas,
possa fazer ver aos representantes do povo brasileiro, na Câmara Alta, e que
eles têm que nos representar, e bem representar, cuidar dos nossos interesses,
e o tempo todo como primeira preocupação de cada um deles. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio
Koutzii.
O SR.
FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o nosso encaminhamento não irá no sentido de reiterar as argumentações
já desenvolvidas durante a Sessão de hoje, e todas elas, no fundamental,
dirigem bem as críticas do ponto de vista econômico, do ponto de vista das
repercussões sociais, nefastas, que este Plano deve ter, infelizmente. Nós
gostaríamos de tomar o ângulo fundamental que as lições políticas herdadas das
últimas tentativas de Pacotes nos ensinam e nos obrigam, do ponto de vista
político. Não partilha a Bancada do PT dos matizes compreensíveis presentes na
intervenção tanto do Líder do PSB, nesta Casa, quanto do Líder do PDS, pelo
seguinte: porque o que tem sido a característica destes últimos anos, é a ação
política permanente, especialmente dos Partidos ligados ao Poder, durante a
Nova República, de trabalhar permanentemente os dramas terríveis a nível da
condição de vida e de salário em que vive a população brasileira, do ponto de
vista do mal menor, mas sempre do mal e sempre do menor, na política. O que eu
quero dizer com isto? Nunca se trata radicalmente o conjunto dos problemas
sociais; nunca se diz que efetivamente não se trata somente de conter a
inflação, o que todos desejamos. Mas que a política para conter a inflação, tem
que ser ao mesmo tempo uma política que permita desbloquear as condições de
vida insuportáveis do povo brasileiro; se não, ela não interessa. E sob o
fantasma e o perigo, e partilhamos todos certamente nesta Casa, o perigo
político e o perigo às instituições que levariam uma dinâmica de hiperinflação,
se quer fazer passar tudo. Então é por isso que nós dizemos chega e basta.
Porque estas fórmulas condimentadas de diferentes maneiras, mudadas aqui e
acolá, são as mesmas que estão sendo experimentadas desde o plano Cruzado.
Desta vez não há, nem mesmo explicitamente, nenhum tipo de garantia para
preservar em parte os salários. Não tem o gatilho como na primeira, e não tem a
URP, como na segunda. Não tem nada. Nós vamos conversar depois para ver como é
que fica. É claro que a classe trabalhadora não vai entrar num acordo que não é
acordo em bases absolutamente indefinidas e gelatinosas. Baseadas em quê? Na
confiança? Não há confiança, este Governo não tem a menor confiança de parte do
povo e de nosso Partido. Então, é claro que o mesmo Governo que, politicamente,
não tem autoridade, porque não se legitimou nas urnas e prolongou agonicamente
o seu Governo por um ano mais, através de uma maioria conservadora e creio que
responsável, que lhe deu este 5º ano, que está mostrando sua face real, no
plano social, agora, obriga a que a abordagem dos problemas econômicos seja
feita - e esta é a função dos partidos - do ponto de vista da globalidade
política. Então, do ponto de vista político, para nós, chega para este Governo.
Porque, se é certo que há perigos - e o Ver. Ferri nos alertou para eles - há
perigos do ponto de vista da institucionalidade, nós entendemos que mais perigo
há em não agir. Mais perigo há em não chamar as coisas pelos nomes. Mais perigo
há em permitir que este Presidente dos “brasileiros e das brasileiras” repita
incessantemente fórmulas artificiais que um mês desmoralizam, não só o seu
Projeto, mas a toda a instituição política, a política em geral e a tudo aquilo
que com diferentes projetos e ideologias se tenta defender, que é uma outra
solução para esta sociedade.
É por isto, neste nível que encaminhamos, também, pela
aprovação desta Casa, à Moção lida na Mesa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO
DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
creio que há duas proposições: uma com o texto integral e outra proposta pelo
Líder do PSB e por este Vereador, de que seja revista a redação feita.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa informa a V. Exª que os
Requerimentos e as Moções da forma regimental devem ser encaminhadas,
normalmente por escrito. Esclarece, ainda, que se trata de um aditamento que
deveria ser formulado à presente Moção. Abre, inclusive, a possibilidade ao
Ver. Ferri, se assim o desejar, de formular esse aditamento.
O SR. OMAR FERRI
(Questão de Ordem): Solicitei da tribuna que os proponentes da Moção
pudessem aditar no sentido do meu discurso. Acho que não altera a substância do
nosso posicionamento, nem a substância do que está consignado no próprio corpo
da Moção.
O SR.
ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): Ao que
me consta no que fiz a leitura e tenho conhecimento da Moção, não consta a
parte observada pelo Ver. Omar Ferri, de dar fim ao governo Sarney, foi o
encaminhamento pelo Líder do PDT que suscitou a questão, assim como o Vereador
Líder do PT, mas não está redigida essa questão.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Para
esclarecer ao Ver. Omar Ferri e ao Ver. João Dib, de que a parte final do meu
pronunciamento bem como o pensamento da Bancada do PDT, não está expresso na
Moção. Não há na Moção a sugestão de renúncia do Presidente da República,
exatamente para não gerar esse tipo de discussão em Plenário. É uma posição
defendida pelo PDT, mas que não foi exposta por escrito na Moção.
O SR. OMAR
FERRI: Para finalizar essas nossas
intervenções, talvez eu pudesse propor aos proponentes que quando concluem na
Moção a sugestão de indeferimento dessa legislação, que se acrescente um
parágrafo pedindo que, caso entendesse o Congresso Nacional, de não aprovar o
expediente da Presidência da República, que então através de um aditivo pudesse
conformá-lo aos interesses dos trabalhadores brasileiros.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Com todo respeito à
proposta do Ver. Omar Ferri, há inclusive dúvidas, Vereador, sobre a
constitucionalidade da mudança dos termos em que foi proposta a medida
provisória. Há inclusive uma Resolução vigente no Congresso Nacional que dispõe
que a medida provisória ela deve ser aprovada ou rejeitada, não cabendo
substitutivos e nem emendas, razão por que me parece que fica prejudicada a
sugestão de V. Exª.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa esclarece ao Ver. Omar
Ferri que as Declarações de Voto poderão ser feitas, após a votação da Moção.
Razão pela qual pede a V. Exª que a faça no momento oportuno.
O SR. JOÃO
DIB (Requerimento): A Moção em questão é
extremamente importante, e por mais atenção que cada um dos nobres Vereadores
tenha em relação à leitura feita pelo Secretário da Mesa evidentemente muitos
dos pontos lidos não ficaram na memória de cada um com a exatidão que a
relevância da Moção requer. Então solicitaria ao Plenário e à Mesa que fosse
distribuída uma cópia desta Moção, para que amanhã, com a tranqüilidade com que
ela deve ser votada, nós votássemos. Apelaria aos Líderes que subscrevem que
fizessem isto, para que amanhã então pudéssemos oferecer contribuições ou
aprová-la na íntegra.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa esclarece ao Ver. João
Dib que regimentalmente se sente impossibilitada de promover o adiamento da
votação da presente Moção, a menos que ela seja retirada pelos requerentes,
porquanto estamos em regime de votação e os encaminhamentos já foram formulados.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, solicitaria ao Ver. João Dib que retirasse o seu Requerimento,
desde que nós, por consenso do Plenário e das Lideranças, concordássemos que
fosse feita leitura novamente do texto da proposição.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, eu não quero dialogar
com a Mesa. Eu disse exatamente que o Plenário tomasse a decisão e depois é que
falei na Presidência. Primeiro me referi ao Plenário. Acho que a medida é
realmente importante, não se faz com uma simples leitura e não teria problema
maior se isto fosse votado amanhã, depois de lermos, com tranqüilidade, o xerox
que poderia ser distribuído agora.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa reitera a manifestação
anterior de que nos encontramos em Regime de Votação, e que apenas está
concedendo a palavra, em regime de Questão de Ordem, para efeito de
esclarecimento de votação, porquanto foi solicitado um aditamento. Além do mais
este aditamento, até o presente momento, não chegou, na forma regimental, por
escrito, a esta Mesa. Evidentemente, que não poderemos votar o aditamento, pois
a sugestão, do aditamento, até agora, não foi formulada formalmente, razão pela
qual, continuamos prestando os esclarecimentos necessários para a votação,
enquanto aguardamos para colocar a referida Moção em votação.
O SR.
FLÁVIO KOUTZII (Questão de Ordem):
Acompanho a sugestão da Liderança do PDT no sentido de uma nova leitura, e acho
que o debate suscitado nos dará uma outra atenção e uma outra preocupação com o
texto, que é curto e breve. Quero dizer também que a preocupação e a demanda do
Vereador Dib se justificam plenamente, mas a nossa manutenção da preocupação em
decidir hoje, é porque se trata de um fato político acontecido no domingo, e
hoje é a primeira reunião desta Casa, desta instância Legislativa, depois do
acontecido, e acho que seria importante poder expressar, sem atraso, a nossa
posição. Por isso a insistência.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa, atendendo sugestão da
Bancada do PDT, e do PT, solicita que a Moção seja novamente lida, porquanto
cabível na espécie, uma vez que os Srs. Vereadores terão que votar a presente
Moção.
Com a palavra, o Sr. 3º Secretário para a leitura da
Moção.
O SR. 3º
SECRETÁRIO: (Lê a Moção.)
O SR.
PRESIDENTE: Formulada a leitura da
presente Moção e tendo havido os respectivos encaminhamentos, passamos à
votação da presente Moção.
O SR. JOÃO
DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu
havia solicitado uma informação numa Questão de Ordem anterior: qual das duas
Moções estava sendo votada? Se é a íntegra que foi lida agora ou se com o
aditamento proposto pelo Ver. Omar Ferri? Isso não respondido, apenas a Mesa
disse que não havia chegado nenhuma modificação proposta por escrito pelo Ver.
Omar Ferri. Eu pergunto se posso requerer à Mesa que o discurso do Ver. Omar
Ferri também seja colocado em votação junto com a Moção proposta para que seja
votado hoje, sem dúvida nenhuma.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa novamente responde ao
Ver. João Dib que recebeu oficialmente Moção por instrumento escrito e deu a
tramitação Regimental concedendo às Lideranças da Casa o tempo para
encaminhamento, tempo este que foi usado também pela Bancada do PDS, pelo Ver.
João Dib, e tem até o momento para a votação a Moção em causa. E, disse mais,
de que se fosse apresentado ainda, durante o processo de votação um Aditamento,
e com a concordância do Plenário, não teria nada a opor em relação de que a
Moção fosse votada juntamente, com ou sem destaque, ao Aditamento. E,
evidentemente, é isto o que está fazendo, e vê que o Aditamento do Ver. Omar
Ferri está sendo formulado para que esta Mesa tenha condições de votar.
Comunico o recebimento oficial, neste momento, e a Mesa passará a fazer a
leitura do Aditamento e a votação do Aditamento do Vereador Omar Ferri, com o
esclarecimento de que para o Aditamento não caberá encaminhamentos.
O SR. JOÃO
MOTTA: Para um Requerimento, Sr.
Presidente. Solicito que seja votada em destaque a proposição de aditamento.
O SR. PRESIDENTE:
Antes de colocar em votação o Requerimento, solicito ao Sr. Secretário que
proceda à leitura da proposição de aditamento, pois há vários Vereadores que
desconhecem seu teor.
O SR. 3º SECRETÁRIO:
(Lê.)
“Proposição
Os Vereadores abaixo assinados concordam com a Moção apresentada pelas Bancadas do PT e do PDT, sugerindo que seja acrescentada à mesma a presente adição no sentido de que as medidas sejam rejeitadas pelo Congresso, ou então, que as mesmas sejam aditadas com alterações para que sejam atendidas as aspirações das classes trabalhadoras do País.
(aa)Ver. Vieira da Cunha, Ver. Flávio Koutzii e Ver. Omar Ferri.”
O SR.
PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do
Ver. João Motta. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
A Mesa coloca em votação agora a Moção. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a proposição de aditamento. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
A Mesa registra com enorme satisfação a presença, nesta Casa, do Ver.
André Osvaldo, Presidente da Câmara de Vereadores da cidade de Camaquã, e
convida S. Exª a integrar a Mesa, se o desejar.
Com a palavra, o
Ver.Wilson Santos. Em tempo de Liderança.
O SR.
WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, como eu disse anteriormente, da tribuna, nós recebemos uma equipe
de técnicos educacionais do Município, na Comissão de Educação desta Casa, e em
nome da Verª Letícia Arruda, presidente da Comissão, e em meu nome, como
Vice-Presidente, nós trazemos este assunto à tribuna. Eu diria que, dentro do
amplo Plano de humanização do perímetro urbano de Porto Alegre, a anterior
administração municipal recuperou o antigo prédio da Usina do Gasômetro. Se a
obra era prioritária ou não, não vou analisar, o importante é que ela foi realizada,
e foi realizada com gastos de dinheiro público. Dentre os benefícios e
objetivos que fundamentaram a realização do investimento estavam duas questões:
primeiro, funcionamento do Centro de Preparação de Mão de Obra; segundo, Museu
do Trabalho. Quanto ao Centro de Preparação de Mão de Obra, eu gostaria de
destacar que as considerações do Projeto diziam: “O aluno, como elemento
central de todo o processo ensino-aprendizagem, bem como a nova dimensão para
uma educação voltada para a capacitação e o trabalho, em que o mesmo poderá,
realmente, ser agente transformador do meio onde está inserido. Caracterização:
a escola caracteriza-se como técnica, pelo fato de estarem presentes as quatro
técnicas, técnicas agrícolas, comerciais, domésticas e industriais, em nível de
5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries; seu funcionamento ser em turno integral para o aluno,
manhã e tarde.”
Outro detalhe que eu apenas registro, é que, chegando
à escola, o aluno optará por uma das 4 técnicas, e terá, inclusive, para isto,
um acompanhamento técnico para que, passado o primeiro ano letivo, possa o
aluno, com o auxílio orientação que lhe foi oferecido, escolher, então, em
caráter definitivo e obrigatório, a técnica definitiva. Pois, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, este Projeto pronto, inclusive com professores e orientadores
mobilizados, prontos para a implantação, receberam a visita da Secretária
Esther Grossi, que numa reunião com os técnicos de educação, que, repito, estão
inclusive presentes nas galerias, neste momento, nesta Casa, sem uma
fundamentação mais convincente, apenas desativou o Centro de Preparação de Mão
de Obra. Desmobilizou o corpo técnico, determinando a apresentação nos seus
locais de origem e, como eu digo, a desativação foi feita numa reunião onde,
segundo o relato, não houve uma fundamentação convincente. Um projeto que
estava em fase de implantação, gerou-se, inclusive uma expectativa, porque mais
de 400 alunos foram inscritos para o funcionamento do Centro. Além disso, ficou
constatado o interesse de um número bem maior de alunos. Então nós fazemos esta
denúncia em bases concretas e passamos a ler o Pedido de Informações dirigido à
Secretaria de Educação. (Lê.) Nº l - Quais as razões determinantes para a
desativação do Projeto do Centro de Preparação de Mão-de-obra criados pela Lei
n° 6.097/88 e Decreto nº 8.961 para o funcionamento de uma escola na Usina do
Gasômetro e outra no Bairro Anchieta, sabendo-se que: a) tramita junto à SEC os
processos n°s 33649 e 33650, respectivamente relativos às Escolas Municipais de
1º Grau: Deputado João Sandeli Caruso e Ver. Antônio Giudice, aguardando a
instalação efetiva das escolas para que se processe a competente inspeção com
vistas à aprovação pelo Conselho Estadual de Educação e autorização de
funcionamento; b) existe até 15/01 professores e orientadores lotados no centro
para a realização das tarefas de implantação; c) existem até o momento cerca de
400 alunos inscritos para os dois estabelecimentos que oferecem 1.280 vagas,
conforme a listagem em poder da SMED; d) qualquer escola, mesmo iniciando
atividades em fins de abril, período máximo previsto para a conclusão das
obras, têm condições de cumprir as disposições legais referentes ao ano
letivo.”
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO
DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o
Art. 24 do Regimento Interno diz que o Líder, a qualquer momento, dentro da
Sessão, exceto dentro da Ordem do Dia, pode usar da palavra para comunicações
urgentes e imediatas. Temos usado a Comunicação de Liderança para desviar o
processo de inscrições, fazendo com que alguns Vereadores que aqui estão fiquem
esperando. Acho que é obrigação de quem pede a Comunicação de Liderança dizer
para que vai ser usada e a Mesa decidirá se é urgente e imediato.
O SR.
PRESIDENTE (Valdir Fraga): A Questão de
Ordem de V. Exª tem procedência, inclusive, decidimos com a Diretoria
Legislativa, que o tempo de Liderança não tem amparo. Abrimos este espaço até
para que se mantenha conforme as Sessões oficiais, a partir de 15 de março. Mas
podemos, a partir deste momento, de hoje, sempre perguntar às Lideranças, que é
o dever da Mesa, o assunto que vai tratar. Está registrada a Questão de Ordem
de V. Exª.
Registro com muito prazer a presença do Ver. Presidente da Câmara Municipal de Camaquã, Ver. André Osvaldo. V. Exª se sinta à vontade, está em casa. É uma honra muito grande em recebê-lo e leve o nosso abraço aquela comunidade maravilhosa de Camaquã.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, solicito à Mesa esta Questão de Ordem para fazer um apelo às
Lideranças das demais Bancadas para que possamos democratizar mais ainda os
debates das Reuniões desta Comissão Representativa.
Gostaria de registrar, Sr. Presidente, que nessas
Sessões nós temos poucos Vereadores titulares e a maioria dos Vereadores que
têm comparecido são suplentes, mas que têm participado de outros debates e que
por serem Vereadores titulares da Casa, mas não da Comissão Representativa,
mesmo assim não têm tempo. Têm de esperar que todos os titulares sejam chamados
para terem essa oportunidade de ter o direito à palavra.
Então, a minha Questão de Ordem, Sr. Presidente, é no
sentido de que mais uma vez esse Plenário adote uma posição democrática sobre
essa questão, já que permitiu em situação anterior a permuta de tempo, mas
colocou uma limitação a essa permuta no sentido de que ela só se efetivasse
entre Vereadores Titulares da Comissão Representativa.
Então a minha Questão de Ordem, e falo em especial ao
Ver. Omar Ferri, Flávio Koutzii, João Dib, que são Líderes de Bancada, é no
sentido em que nós democratizemos ainda mais esta posição para permitir que
essa permuta de tempo se dê também entre um Vereador Titular e um Suplente da
Comissão Representativa desde que ambos estejam presentes em Plenário.
É nesse sentido, Sr. Presidente, que gostaria que V.
Exª colocasse essa proposição em apreciação ao Plenário.
É nesse sentido, Sr. Presidente, que gostaria V. Exª
colocasse essa proposição em apreciação ao Plenário.
O SR.
PRESIDENTE: O Plenário é soberano. A Mesa
acata as decisões do Plenário. Já vejo o Ver. Flávio Koutzii acenando.
O SR.
FLÁVIO KOUTZII: Bem, brevemente a Bancada
do PT se solidariza com a proposta na medida em que exatamente até, tomando
como referência o comentário que fazia o Ver. João Dib que tem uma longa
experiência, dizendo que poucas vezes viu um início de um processo onde o
período da representação apenas, havia tanta presença, tanto interesse, tanto
debate, acho que se estimularmos e não deixarmos os nossos colegas suplentes
para falarem depois da uma da tarde nós estaremos enriquecendo o debate e
envolvendo o conjunto dos Vereadores.
Partilhamos da proposta.
O SR.
PRESIDENTE: Ver. João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: A Bancada do PDS apóia integralmente
a proposição do Vereador Líder do PDT.
O SR.
PRESIDENTE: Vamos ouvir também a
Vice-Liderança do PMDB.
O SR. LUIZ
MACHADO: O PMDB apóia a proposição da
Liderança do PDT.
O SR.
PRESIDENTE: Gostaria de ouvir também o
Vereador Omar Ferri.
O SR. OMAR
FERRI: A Bancada do PSB vota na
conformidade da proposição do Líder da Bancada do PDT, Ver. Vieira da Cunha.
O SR.
PRESIDENTE: A Liderança do PL?
O SR.
WILSON SANTOS: De acordo com a maioria.
O SR.
PRESIDENTE: Então, já passamos, de
imediato, a ouvir o Ver. Nelson Castan no tempo do Ver. Valdir Fraga.
O SR.
NELSON CASTAN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, gostaríamos de dar continuidade ao debate que estava em curso,
nesta Casa, desde a semana passada, no qual, infelizmente, não tivemos a
oportunidade de participar.
Diz respeito ao pronunciamento feito pelo Ver. João
Dib, na Imprensa, e reiterado em Plenário. Gostaria de, através da Mesa, se for
regimental, encaminhar ao Ver. João Dib, a planilha de cálculo tarifário feita
pela SMT, em que a tarifa única do Sistema de Transportes Coletivos de Porto
Alegre resulta praticamente idêntica à tarifa da Carris. A questão resume-se
num aspecto que o Ver. João Dib certamente esqueceu de analisar, que são os
custos de capital. Pelo fato da Carris ter uma frota de ônibus de idade média
praticamente a metade da idade média da frota das demais empresas de Porto
Alegre, o custo de remuneração do capital, e sua depreciação, é
correspondentemente mais elevado que as demais empresas. É correto o que disse
o Ver. João Dib a respeito do IPK, das distâncias e do número de passageiros
por quilômetro, porém ele não considerou um fator integrante em qualquer
planilha de custo, de qualquer empresa, não precisa nem ser de ônibus, que é a
depreciação e a remuneração do capital. Essa diferença, então, ocorre pelo fato
de a Carris ter a frota mais nova de Porto Alegre.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Evidentemente o cálculo tarifário em Porto Alegre é
feito estabelecendo-se uma frota-padrão e a Carris deve-se inscrever nessa
frota-padrão, para que ela possa fazer o que deve: cumprir a sua obrigação de
transportar com a mesma tarifa das demais empresas.
O SR.
NELSON CASTAN: Sr. Presidente, encaminho
posteriormente à Mesa, para que seja então encaminhada ao Ver. João Dib a
técnica de cálculo de custos, que é uma técnica contábil de administração que
não tem nada de novo, simplesmente fazendo constar este item que foi esquecido
pelo Vereador. A nossa preocupação neste debate é para que seja restabelecida a
verdade, porque por trás desses pronunciamentos, tentando impor à Carris situações
restritivas ao seu desenvolvimento, pode estar - não estou aqui dizendo que
esteja - aquela intenção política, aquela diretriz de administrar as empresas
públicas de forma a levá-las ao prejuízo, de forma a prová-las, entre aspas,
que são ineficazes e que, portanto, mais uma vez, se comprovaria a tese de que
as empresas estatais não devem existir ou devem ser diminuídas ao máximo.
Então, acho que esta discussão é muito importante, ela não vai se esgotar
agora, e esta decorrência implica, está no bojo de uma discussão ideológica
muito grande em que, por trás das críticas às empresas estatais, se esquecem
detalhes importantes que lhes dão condições inferiores, condições de piores
condições administrativas para, no limite, inviabilizá-las, fechá-las, entregá-las
à iniciativa privada. Acho que isto aí não está sendo dito, digamos,
diretamente ao Ver. João Dib, mas está sendo dito como princípio.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero lembrar a V. Exª que fui Prefeito e dei toda a
cobertura à Cia. Carris Porto-Alegrense, portanto não cabe qualquer ilação de
que eu esteja pretendendo encerrar as atividades da Cia. Carris
Porto-Alegrense.
O SR.
NELSON CASTAN: Não, perfeito. Eu só deixo
o registro de que por trás dessas posições, em geral, não estou aqui
fazendo referência ao Ver. João Dib, muitas vezes se esconde uma intenção de
liquidar com as empresas estatais, de prová-las entre aspas ineficazes e
ineficientes. Uma outra questão que gostaria de registrar para o Plenário é quanto a um Pedido de Providências que estamos
encaminhando, hoje, ao Ver. Antonio Hohlfeldt, Secretário da SMT, pedindo
alterações na sistemática de venda e utilização das passagens escolares.
Estamos pedindo ao Vereador que efetive a padronização da passagem escolar em
uma única ficha, de cor única, de maneira que a passagem seja unificada. Isso
significa que o estudante possa dispor dessa passagem em qualquer linha de
ônibus, e em qualquer empresa de ônibus da Cidade; se o estudante estiver em um
corredor de ônibus e passar a empresa A, B, ou C, que ele possa utilizar a
passagem em qualquer uma destas empresas. Estamos pedindo também ao Secretário
Municipal dos Transportes para que ele acione e, se for o caso, pressione a
Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre, para que
coloquem esta passagem única na rede bancária massivamente, isto é, estabelecer
convênios com bancos que possuam redes de agências, de maneira que o estudante
possa adquirir a passagem numa agência do Banrisul, do Meridional, do Bradesco,
do Banco que seja perto da sua casa, do seu local de trabalho, da sua escola,
ou faculdade. Já tivemos essa experiência na Carris, através de todas as
agências do Banco Meridional, que se transformaram em postos de venda da
passagem escolar, facilitando ao estudante o acesso a esse direito que é seu,
garantido por lei, que é a passagem pela metade do preço, que é a passagem
escolar. Estamos solicitando ao Secretário que a confecção da carteira de estudante,
da identidade escolar, que permite ao estudante comprar a passagem com desconto
de 50%, seja fornecida pela própria Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Hoje
a Prefeitura tem condições técnicas, no nosso entender, através da SMT, através
da Procempa, de ela mesma dar a identidade ao estudante, e mais ainda: fazer
isso de maneira gratuita, conforme o que prevê a Lei nº 5.415, de 25 de maio de
1984, “que a identidade estudantil, para fins de aquisição de passagem escolar,
seja dada de forma gratuita”. Estamos então solicitando estas três providências
ao Secretário Municipal dos Transportes, e fazemos isso agora para que o ano
letivo que se inicia, final de fevereiro, início de março, ou seja, para o ano
letivo de 1989, a SMT tenha condições de implantar estas três providências que
nós acreditamos que são do maior interesse do público estudantil. Acho que
estas providências são possíveis, são realizáveis e estamos fazendo cedo, hoje,
para que o sistema operacional que vai ser implantado e que ainda não está
definido, pois depende de reuniões com entidades estudantis e as empresas de
ônibus e isso já seja levado em conta para que estas informações estejam nas
mãos do Secretário dos Transportes antes mesmo que cheguem pelos canais
competentes, ou seja, pelos Pedidos de Providências através da Câmara Municipal
estaremos enviando ao Secretário Antonio Hohlfeldt estes registros para que,
nas primeiras reuniões que ele vai entabular com estas entidades estudantis e
com os empresários para que estes pedidos feitos aqui já sejam levados em
conta. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vicente
Dutra.
O SR.
VICENTE DUTRA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, por transposição de tempo aprovada há poucos minutos nesta Casa, cedo
meu tempo ao ilustre Ver. Leão de Medeiros.
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Leão de
Medeiros.
O SR. LEÃO
DE MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o tema que eu pretendo abordar não é um assunto novo, Já mereceu
pronunciamento do nobre Ver. Cyro Martini. Todavia, venho a esta tribuna porque
o fato por ele abordado longe de ter sido solucionado se agravou. Vou falar da
desconformidade e da desconsideração. Desconformidade de uma classe funcional
digna e honrada que me orgulho de pertencer que é a classe dos Delegados de
Polícia. E a desconsideração por parte da administração estadual por esta
classe sofrida dos Delegados de Polícia. É que a Constituição Federal, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, depois de uma luta ingente através de longos anos,
conseguiu consagrar a maior reivindicação da categoria dos Delegados de polícia
ou seja, a de assegurar a isonomia salarial com todas as demais categorias
funcionais que têm a mesma formação jurídica. No entanto, essa conquista, essa
luta consubstanciada no artigo 241, da Constituição Federal, até hoje não viu a
sua implantação, a sua adequação por parte do Governo do Estado. O Governo do
Estado está insensível às reivindicações da implantação dessa conquista da
classe das autoridades policiais. O tempo está transcorrendo, mais de 90 dias
da implantação da promulgação da Nova Constituição, e S. Exª, o Sr. Governador,
sequer atendeu o pedido de apelo da classe dos delegados de polícia, formulados
pela sua entidade de classe Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande
do Sul. A desconformidade está tomando vulto, e tomamos ciência hoje, de que
uma Assembléia Geral da categoria esta prevista para a semana vindoura. Para
que o Governo do Estado defina a sua posição em torno do tema. A revolta mesmo
dos Delegados de Polícia, atinge a todos nós, desde aqueles que prestam os seus
serviços no mais longínquo Município desse Estado, até a sua figura mais nobre
mais excelsior que é o chefe de polícia. E todos estaremos irmanados na
Assembléia Geral, da Semana que vem, para extrair de lá, examinada a questão,
uma posição harmônica e coerente com o pensamento da classe, e dentro dela se
observa pela repercussão da Imprensa e a manifestação do próprio Presidente da
Associação dos Delegados de Polícia, uma possibilidade de uma paralisação nas
atividades policiais. Isto às vésperas de acontecimentos que normalmente exigem
a participação da autoridade policial que são os festejos do carnaval. Ainda
mais sobrecarregados agora a ação da autoridade policial num trabalho de
fiscalização do Plano Econômico implantado pelo Governo Federal. Portanto,
Senhores, a minha participação nessa tribuna é chamar a atenção na
responsabilidade daqueles que compete adequar a Legislação Federal as normas
por ela irmanadas, e o risco do que vier acontecer não cabe aos Delegados de
Polícia que estão recorrendo ao único caminho possível a eles, que é a
reivindicação dessa adequação, e exigindo do Governo do Estado o cumprimento do
juramento que fez de cumprir as leis. Sua Excelência, o Sr. Governador está
insensível aos apelos da categoria e insensível aos apelos da própria
comunidade que exige, através dos seus representantes, uma isonomia salarial
com as demais categorias funcionais de formação jurídica. Essa insensibilidade
governamental vai ao ponto de não ser atendido um Pedido de Providências, um
pedido de apelo da ASDEG, batido às portas do Palácio Piratini desde o dia 30
de novembro. Portanto, me cabe, como representante da classe que me honro de
pertencer, de alertar ao Governo do Estado das responsabilidades que sob seus
ombros cairá se as medidas dcididas pela Assembléia Geral da categoria vier a
ser a paralisação com conseqüente e inegáveis prejuízos a toda a comunidade. É
o alerta que me compete fazer em nome da Associação dos Delegados de Polícia do
Brasil.
O Sr.
Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Leão de Medeiros, eu mais ou menos conheço o
problema quando ocupei a Comissão de Deputados da Assembléia e me solidarizo
com a posição de V. Exª com relação ao drama dos Delegados de Polícia.
Agora, V. Exª foi muito claro em dizer à Casa que a
classe dos Delegados deve entrar em greve na Assembléia Geral da semana que
vem, isso ficou claro em seu depoimento, o que nós, trabalhadores, concordamos
que a posição venha a ser tomada e adotada. Agora se a Constituinte consagrou
essa isonomia, eu pergunto a V. Exª por conhecer a classe e especialmente o
Delegado Caio Brasil que atualmente preside a ASDEG, se é uma norma
constitucional e um direito adquirido pelos Delegados de Polícia, por que a via
judicial não foi tentada ainda? O Governador Pedro Simon, assim como o Prefeito
Olívio Dutra, têm o mandato de 4 anos outorgados pela população e são como
gerentes da coisa pública, o Governador não pode passar por cima ou pisar na
Constituição. A Medida Judicial me parece cabível e imediata, através até de um
simples Mandado de Segurança, é um direito que os Delegados adquiriram e hoje
até quero colaborar com o pronunciamento de V. Exª, tomei conhecimento que Delegados
em início de carreira ganham menos que um contínuo da CRT, que está com um piso
salarial de 200 mil cruzados. Não o Delegado que tem menos.
O SR. LEÃO
DE MEDEIROS: Agradeço o aparte do nobre
Vereador mas agregaria a esse entendimento do nosso recorrimento ao Poder
Judiciário, implantou imediatamente. São vantagens previstas ao funcionalismo
público, que foram instantaneamente, norma imperativa prevista na Constituição,
implantou. Mas o que ocorre, meu caro Ver. Machado é uma intransigência histórica
do Governo do Estado para com os delegados de polícia, que só conseguem as suas
vitórias, as suas reivindicações, através de movimentos fortes como este que se
avizinha, que longe de ser uma intenção dos delegados de polícia - não lhes
interessa esta hipótese, que pode ocorrer na semana que vem, não interessa
porque o maior sacrificado será a comunidade rio-grandense, mas é uma medida
extrema, porque só através de movimentos desta natureza, a classe dos delegados
tem sensibilizado o Governo do Estado. Agradeço a sua participação, e
lembraria, não querendo entrar em comparativos salariais, que o motorista da
Assembléia - caso que o senhor muito bem conhece -, recebe o dobro do básico de
um delegado que tem formação jurídica, igual ao de promotores públicos, juizes
de Direito, Procuradores do Estado.
Então fica, aqui da tribuna, meu apelo veemente de que
S. Exª, o Governo do Estado, encaminhe imediatamente, aproveitando a convocação
extraordinária da Assembléia, um projeto de lei, que nada mais é do que uma adequação
da legislação estadual à Constituição Federal. É este o apelo que faço em nome
da classe que represento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Com a palavra,
o Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTINI:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, inicialmente, nós teremos de retornar para
reforçar a nossa manifestação com relação à preocupação que vem acompanhando a
categoria policial há algum tempo, com relação aos vencimentos, porque já nos
havíamos manifestado em oportunidades anteriores, e hoje, diante da manifestação do nosso colega de Organização e
também aqui nesta Câmara, Ver. Leão de Medeiros, sem dúvida teríamos que
reforçar aquilo que já dissemos em oportunidades anteriores. Com relação a
posição da ASDEP, nós teríamos que verificar a convocação que está registrada
nos jornais de hoje, em edital apropriado, na qual a ordem do dia traça os
assuntos que serão debatidos na próxima terça-feira, às 19 horas. E não diz da
providência que será adotada; diz dos temas que serão discutidos na reunião: um
deles será a isonomia salarial. A outra questão é da substituição,
especialmente no interior do Estado, onde o governo também teima em não acatar
lei estadual que manda, que determina que a autoridade que substitui perceba em
razão da substituição. Num outro tema que também será debatido, será a
defasagem dos quadros policiais. De 1975 para cá, a polícia tem sofrido uma
defasagem, uma diminuição nos seus quadros, significativa. Mas nos últimos
tempos, de 1985 até a data de hoje, nós devemos ter perdido mais de 30% dos
nossos quadros, por várias razões. A principal delas é a aposentadoria. Uma
Delegacia, como a 15a, no Partenon, ela contava em 1985 com cerca de 56
funcionários; hoje não dispõe de 35 funcionários, fato que lamentavelmente
levou ao fechamento de postos policiais absolutamente necessários como aquele
do Morro da Cruz, da Travessa Bandeirantes, e também o Posto Policial do Ipê
II, e o Posto Policial lá da Vila MAPA que era importantíssimo, não só sob o
ponto de vista policial como social.
Então essas são as preocupações que serão debatidas lá
na próxima terça - realizada às 19 horas por convocação da ASDEP. De outra
parte, insisto que a preocupação salarial tanto faz com relação a equiparação a
isonomia, como outro ângulo, não diz respeito apenas a autoridades policiais,
diz respeito, e em alguns casos mais graves, às categorias inferiores da
polícia. O investigador de Polícia, o Inspetor, o Comissário, e outros
servidores que também prestam o seu serviço à organização policial, têm os seus
salários reduzidos. Na última semana eu comentei sobre o salário minguado de um
investigador de policia. Então não é só o delegado que está preocupado com o
salário, as outras categorias também o estão, e com tanta justiça, ou mais
justiça até do que a dos delegados de polícia.
Então reforço a minha opinião anterior sobre essa
matéria de isonomia, digo da minha apreensão com relação a esse fato, por que
nós vemos que lá pelas tantas a decisão da categoria poderá ser dura, em função
da posição do governo que teima em não atender ao dispositivo previsto na
Constituição Nacional, no artigo 241. É lamentável, mas infelizmente o Governo
do Estado tem levado a categoria policial a tomar posições contrárias àquelas
que a vocação e o gosto da dignidade policial impõe. Um outro fato que merece
registro que me chamou atenção e que também diz respeito a categoria funcional,
a qual pertenço. Diz respeito ao fato ocorrido na Delegacia de Polícia de
Tramandaí, domingo, próximo, passado: O Prefeito de Novo Hamburgo, ex-Deputado
Estadual, Paulo Ritzi, entrou delegacia a dentro e invadiu literalmente o
gabinete da autoridade policial. Não sei porque ele entendia estar sendo
desconsiderado, por ter, talvez esperado algum tempo. Eu acho que isto não diz
bem daqueles que militam na política. Ele esqueceu de que o Delegado de Polícia
estava trabalhando domingo, quando ele não tem obrigação de trabalhar domingo.
Ele estava lá, justamente, para atender as pessoas de modo a que elas não
tivessem que voltar durante os dias úteis, no horário de expediente. Estava lá
à disposição, estava no gabinete, o Delegado Thomás Mércio Pereira, despachando
as ocorrências, com a sua equipe de trabalho, domingo! Todos ali à disposição
do trabalho, do serviço policial. E este despacho demanda cuidado porque têm
algumas ocorrências que são encaminhadas diretamente ao Cartório, outras à
investigação e assim ele dando despacho com a sua equipe.
Mas, infelizmente, o nosso Prefeito de Novo Hamburgo
não se apercebeu disto, não notou que estávamos no domingo. A esposa havia
feito o registro da ocorrência no sábado. O fato que determinou o registro da
ocorrência, o arrombamento da casa dele, certamente é uma preocupação grande,
ele deve ter sido objeto de furto de móveis de valores consideráveis. Mas isto
não dava a ele condições de, na segunda-feira, pela manhã, telefonar -
percebia-se claramente que ele tomou a iniciativa de telefonar para o programa
“Atualidades” da rádio Gaúcha, comandado pelo Rogério Mendelsky para querer
denegrir o valor do trabalho policial em Tramandaí, não só do Delegado de
Polícia, mas de todo aquele pessoal que trabalha, desde o investigador,
inspetor, comissário que lá militam e que estavam trabalhando no dia de
domingo. Ele não compreendeu isto. Querendo o quê? Quer dizer que nós temos que
repudiar uma atitude destas? Nós não podemos, em hipótese alguma, aceitar uma
atitude dessas, como a adotada pelo nosso distinto Prefeito de Novo Hamburgo.
Então, o nosso repúdio a atitude dele e esperamos que ele compreenda que aquilo
que justamente mereceria de parte, e merece, de toda a coletividade, um
registro, um reconhecimento, que eram os policiais trabalhando fora do horário
de expediente, num domingo, da parte dele, recebeu foi reprovação. Então, é uma
coisa que não tem cabimento e não diz bem daqueles que militam como nós na área
política. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Giovani
Gregol.
O SR.
GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, neste final de semana, foi fechada, para utilização da população da
Cidade, a avenida Beira-Rio, que já foi motivo de intensos debates nesta Casa,
nas semanas em que estivemos aqui, discutindo, conversando e informando sobre
questões que dizem respeito à Cidade e a sua população. E o saldo, já neste
primeiro fim de semana de fechamento da Av. Beira-Rio, não é apenas positivo, é
extremamente positivo, Sr. Presidente. A população entendeu, como nós já
sabíamos, entendeu a proposta do Governo da Frente Popular, apoiada por vários
movimentos sociais, inclusive o movimento do qual faço parte, o ecológico, e,
literalmente, ocupou o espaço da avenida, durante todo o fim-de-semana, fazendo
lá o seu lazer, praticando esportes de todo tipo, admirando o rio, o
pôr-do-sol, e assim por diante e, às 18 horas de domingo, o Prefeito Olívio
Dutra lá esteve entregando, oficialmente, a Avenida à população, não havendo,
ao contrário do que alguns previam, ou gostariam que tivesse acontecido, nenhum
problema, nenhum acidente, e pelo contrário, um dos motivos do fechamento da
Avenida, é para evitar acidentes que, certamente, aconteceriam, porque a
população usa o espaço, e teriam que competir com os carros que ali passam.
Houve sim, a confirmação daquilo que já tínhamos afirmado. Mas o País ainda
está sob o impacto, e vai continuar, negativo de mais um pacote que, nem ao
menos, é criativo em relação aos anteriores e, pelo contrário, parece na sua
maior parte uma versão piorada dos pacotes anteriores, porque não tem
mecanismos de recuperação das perdas salariais que estão ocorrendo, e irão se
agravar nos próximos meses, em função das medidas do próprio pacote. Eu tenho o
hábito de caminhar muito pela Cidade, ando a pé, não tenho carro, fiz a minha
campanha, e o meu colega de Bancada fez a campanha de bicicleta, eu fiz a pé,
claro que aceitava caronas para carregar pacotes, e por um lado traz uma
vantagem, pois me obriga a andar de ônibus e observar o serviço de transporte
da Cidade, que precisamos melhorar muito, pois encontramos em péssimas
condições, e conversar com as pessoas. O povo, embora não seja economista, não
seja técnico em questões econômico-financeiras, vive no País real, não em
Brasília, tecnocrata, e o povo tem denunciado a falsidade do pacote. Claro que
o povo, fora de questão, independente do pacote, ou não, já não confiava no
Governo, e nas suas medidas, mas as pessoas dizem que, de novo são enganadas e
que ficam surpresas com a hipocrisia, digamos assim, de certas medidas e ao
entrarem nos supermercados, no início desta semana, constataram que os preços
congelados na realidade deram um salto em alguns produtos de mais de 200%, em
alguns casos mais de 300%. É normal, é comum um aumento de sexta-feira para
terça-feira desta semana um aumento de 40%, 50% em vários produtos.
As autoridades governamentais negam esta situação, no
entanto isto já é, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fato público. Hoje o
jornal Gazeta Mercantil tem uma matéria de capa, talvez a principal matéria
desta edição, com o título de “Aumentos Retroativos”, confirmando justamente
aquilo que a população já sentia e já denunciava. Afirmando, inclusive que até
mesmo setores empresariais, alguns empresários chegaram a se surpreender, vejam
só não é só o consumidor, o próprio empresário com o aumento que o próprio
governo lhe concedeu e leio aqui esta informação do que está acontecendo.
(Lê.) “Não imaginávamos um realinhamento de uma vez
só”, confessou um empresário do setor químico a este jornal. Tão elevado foi o
aumento que ele ligou ao CIP - Conselho Interministerial de Preços - para
confirmá-lo, pois, inicialmente imaginava ser um erro de datilografia. O
aumento autorizado para o cobre, por exemplo, foi de 73,2%... - Aumento
concedido retroativamente durante o fim de semana, portanto depois da
decretação do pacote. “...O alumínio foi de 68%. As indústrias de soda-cloro
podem praticar, desde o dia 14, um preço de 52,76% maior e os fabricantes de
vidros planos, 62%”. E a grita também é entre o empresariado, por exemplo, e o
setor de transformação de plásticos está hoje marcando uma reunião em São Paulo
ou em Brasília, da categoria do setor para protestar contra as medidas do
Governo Federal porque a sua matéria-prima foi aumentada retroativamente em
mais de 50% e ela não pode, segundo alega, repassar estes custos para o consumidor.
Então, vemos que este pacote vem mais do que furado, vasa por todos os lados. E
principalmente, ele não ataca a raiz do problema, como aconteceu na Nova e na
Velha República, ele não ataca as causas estruturais do processo inflacionário,
ele é um pacote em parte eleitoreiro, mais uma vez, num ano eleitoral, como
aconteceu na primeira vez, que tenta dar uma sobrevida a este governo
ilegítimo, antipopular - aliás, têm que ser responsabilizados aqueles que
defenderam, que votaram nos 5 anos para este governo. Eles são grandemente
responsáveis por esta situação de crise política, econômica, ética, inclusive,
e as estruturas, as causas fundamentais jamais são tocadas; não se toca na
questão da dívida externa. Apenas durante o governo de Sarney, em juros, foram
pagos 53 bilhões de dólares, e a dívida não diminuiu, não se tocou no principal
da dívida, e 4%, no mínimo, do produto interno bruto por ano, do Brasil, é
remetido a instituições financeiras internacionais, através do pagamento dos
juros da dívida, porque há muitos anos não estamos pagando o principal, e a
taxa de juro é a mais alta do mundo. Os trabalhadores, mais uma vez, são os
penalizados. Esta política é muito antiga, é a da Velha República, de correr
atrás do pato e depenar o pato. O Brasil, nos últimos 25 anos, só fez isto, em
matéria de política financeira, em essência; quando se quer combater a inflação
e resolver o problema, ou melhor, quando se quer empurrar com a barriga, o
déficit, a dívida interna, se faz através de formas diferenciadas, mais um
arrocho salarial, como está acontecendo neste momento. Quais são os setores
sempre beneficiados? São as instituições financeiras internacionais e
nacionais, e é o setor exportador, que, com a valorização do dólar, em 17%,
mais uma vez se vê feliz e satisfeito, enquanto que a nossa população é
absolutamente carente dos produtos mais básicos como a alimentação em primeiro
lugar, vestuário, habitação e assim por diante. Mais uma vez se privilegia o
mercado externo e a economia central dos Países desenvolvidos em detrimento das
necessidades mais prementes e dos direitos mais fundamentais do povo
brasileiro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Reunião às 13h30min.)
* * * * *